Segundo anunciou hoje a Câmara de Ílhavo, que organiza o festival, são 17 os restaurantes aderentes da edição de 2021 que durante 13 dias, ao jantar, terão de acrescentar ao menu habitual, no mínimo, três pratos de bacalhau e derivados, numa combinação de entradas e pratos principais.
Cada restaurante aderente elabora a sua própria carta de entradas e de pratos principais, sendo as pataniscas, as caras fritas, a chora, a ‘bruschetta’ de ovas de bacalhau algumas das entradas mais desejadas.
Já nos pratos principais, a feijoada de samos, a caldeirada de línguas, o feijão assado com línguas e o arroz de feijão com boininhas e caras fritas são pratos que integravam as ementas dos navios bacalhoeiros.
O Festival Gastronomia de Bordo pretende invocar a história associada à pesca do bacalhau, em que pescadores e marinheiros ilhavenses viajavam em navios, até aos mares do Atlântico Norte, para capturar, sobretudo, o bacalhau do Atlântico.
“Nestas duras campanhas de pesca, que chegavam a demorar seis meses, os cozinheiros atenuavam o cansaço e as saudades da família com refeições reconfortantes, como a chora, uma sopa preparada com cabeças de bacalhau frescas e o feijão assado, entre outros pratos que incluíam as partes então consideradas ‘menos nobres’ do bacalhau: as caras, as línguas, os samos e as espinhas”, explica a autarquia.
É com base nesses sabores e tradições que a Câmara de Ílhavo, no distrito de Aveiro, desafia os restaurantes locais a “confecionarem e a reinterpretarem” os pratos da gastronomia de bordo.
Durante o festival será lançada uma nova edição do livro “Chora e Feijão Assado: A Gastronomia de Bordo na Pesca do Bacalhau”, cujo conteúdo inclui uma investigação de Pedro Miguel Silva, numa retrospetiva histórica da gastronomia dos navios de pesca do bacalhau, traçando a vida alimentar a bordo.
A segunda parte do livro consiste num conjunto de 18 receitas de gastronomia de bordo, com curadoria gastronómica da chef Patrícia Borges, que trabalhou as receitas a partir de fontes escritas e sobretudo orais, com as memórias e registos pessoais de três antigos cozinheiros: Manuel Sousa, José Pascoal e José Ribeiro.
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