A gastronomia portuguesa é um dos pontos principais em destaque para quem visita Portugal, vindo de fora, ou para quem viaja “para fora cá dentro”. Todos concordam que tem uma qualidade e diversidade difíceis de igualar por esse mundo fora. Provar os pratos típicos portugueses faz parte do viajar no nosso país. Fomos à procura de uma das delícias transmontanas: a posta de vitela grelhada.
A região do Douro está em alta no panorama turístico mundial e nacional, atraindo milhares de visitantes todos os dias. Mas Trás-os-Montes não se limita ao Douro Vinhateiro, e tem muito mais a mostrar àqueles que se aventuram mais longe dos circuitos turísticos. A natureza encontra-se aí num esplendor que surpreende o visitante. Longe dos socalcos e das vinhas, Trás-os-Montes tem um lado selvagem e indomado. As regiões de maior altitude constituem a Terra Fria Transmontana, onde a paisagem é dominada pelo planalto trasmontano, em concelhos como Alfândega da Fé, Miranda do Douro, Mogadouro, ou Bragança.
Encostado a Espanha, o Parque Natural do Douro Internacional faz as delícias de qualquer um, e a imponência da paisagem não deixa ninguém indiferente quando se explora os numerosos e maravilhosos miradouros da região e se aprecia o Douro Internacional, com Portugal numa margem, e Espanha na outra.
Mas os ares do planalto abrem o apetite, e a comida é parte integrante e essencial de uma viagem ao nordeste transmontano. Apesar de o bacalhau fazer a sua aparição em muitas mesas transmontanas, em Trás-os-Montes a carne dita a lei, pois, como os locais dizem, “peixe não puxa carroça”. O presunto, o salpicão, a alheira, a feijoada à transmontana, e o cabrito assado são todos pratos típicos desta região e que deixam água na boca. No entanto, a posta de vitela é a rainha da Terra Fria transmontana.
A atribuição pela União Europeia de “Denominação de Origem Protegida” à carne de Raça Mirandesa só vem confirmar a qualidade da carne transmontana. Mas a posta de vitela tem uma abrangência muito mais disseminada do que a controlada e regulamentada “posta mirandesa”. Desde tempos imemoriais, esteve presente nas feiras de gado e nas casas particulares, onde as carnes grelhadas nas brasas eram saboreadas com pão caseiro.
O difícil, hoje, é encontrar o melhor dos lugares para experimentar esta iguaria, pois são muitos os restaurantes especializados neste prato típico, espalhados por todo o nordeste transmontano. Nós recomendamos o restaurante “O Lagar”, em Torre de Moncorvo, onde aprendemos que todos os pormenores são importantes para o sucesso de uma boa posta de vitela: a escolha da carne, o corte, o tempero, e o acompanhamento.
Proveniente de animais com idade compreendida entre os 6 e os 8 meses de idade (e que permanecem com a mãe durante esse período),a carne de vitela apresenta uma cor rosa claro, e tem uma gordura de cor branca. Diz-se que a posta tem de ter “altitude”; na sua origem, nos pastos naturais onde os animais se alimentam, mas também na sua espessura, de 2 a 3 centímetros, no mínimo. Colocada em grelha quente, é tostada de um e do outro lado, mas o sumo da carne mantém-se no interior, tornando a carne tenra e suculenta. Imperiosamente mal passada, e normalmente acompanhada com batata a murro e grelos salteados, é regada com um pouco de molho de azeite (outro dos produtos de marca de Trás-os-Montes), vinagre e alho.
Venha explorar os recantos mais profundos de Trás-os-Montes e delicie-se com a posta de vitela, acompanhada com um bom vinho do Douro. Será uma viagem que recordará para sempre, e o fará voltar a esta região tão típica e, por vezes, tão esquecida do nosso país.
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