As grandes janelas do Restaurante Viva Porto, localizado no Neya Hotel, são a moldura perfeita para o rio Douro que corre indiferente à passagem do elétrico que vem acrescentar, de quando em quando, mais movimento ao quadro.

Quando entramos no restaurante, somos surpreendidos pelas dimensões do espaço e pela luz natural, elementos que criam um ambiente agradável para desfrutar de uma refeição descontraída, com um toque de requinte e que nos faz sentir fora do bulício da Ribeira, apesar de estarmos a poucos minutos de lá.

Temos à nossa espera um mesa posta com cuidado, onde repousa um papel que desenrolamos e nos revela a recente carta de verão do Viva Porto. Começava, assim, uma viagem por novos sabores e, apesar de já termos lido o nome dos pratos, não fazíamos ideia do que nos esperava.

O menu degustação que experimentamos é composto por cinco momentos, começando com um prato delicado que nos fez lembrar o fundo do mar pela forma como foi apresentado. Uma espécie de ceviche de robalo marinado em toranja, limão e coentros, acompanhado de toranja em manga, em cima de uma "cama" de tapioca.

As boas-vindas servem, perfeitamente, como uma introdução a esta nova carta que aposta nos "produtos em cru, nos sabores cítricos e mais frescos", como nos explicou o chefe Diogo Pimentel, que comanda as cozinhas dos restaurantes da cadeia Neya em Portugal.

Uma das preocupações principais é a "sustentabilidade". Em curso estão projetos com hortas biológicas para que seja possível trazer cada vez mais produtos sazonais para os restaurantes. Essa sazonalidade faz com que troquem de cartas de quatro em quatro meses, contudo, voltemos ao belo dia de verão em que experimentamos o menu da estação do sol e da praia.

Bem próximos do rio e do mar, o robalo que voltaria a ser protagonista num próximo prato foi pescado "à linha na nossa costa", revelou o chefe.

Entretanto, chegava à mesa a entrada, que voltava a surpreender pela apresentação. De repente, somos transportados ao México pela aparência do prato, um taco. Pouco depois, na primeira dentada, somos levados para a Madeira, quando sentimos o sabor da banana. Assim, este crocante de milho, camarão e banana da Madeira conta várias histórias e uma delas cruza-se com a própria história do jovem chefe natural de Coimbra: "cresci a ver a minha avó a moer farinhas de milho para animais ou para broa de milho". Com esta inspiração, Diogo quis fazer um prato utilizando o milho e a experiência foi bem conseguida.

A viagem seguia de vento em popa, mas o melhor ainda estava por vir. Voltamos ao robalo, desta vez, como prato principal, acompanhado de legumes da época e um molho de espumante que nos conquistou logo pelo cheiro. A riqueza de aromas é explicada pelo molho feito à base de "todo o desperdício da espinha do peixe", a que se juntam a este caldo de peixe manteiga e espumante. É reduzido até ficar perfeitamente integrado num prato que recebeu cinco estrelas na nossa avaliação. De acordo com o chefe, foi a partir deste prato que surgiu o ceviche de robalo servido nas boas-vindas, como forma de combater o desperdício das partes do peixe não utilizadas.

Para limpar o palato, um sorbet de tangerina com sésamo e malagueta, uma combinação pouco usual, mas que se mostrou vencedora e provou que até os apontamentos mais banais de um menu degustação podem e devem ser pensados ao pormenor.

O próximo prato leva-nos para sabores mais internacionais com um tenro supremo de galinha pintada - uma ave africana -, acompanhado de um puré de tupinambo, um tubérculo nativo da América do Norte, batata e espargos braseados. Uma combinação entre sabores delicados e intensos que resultaram muito bem em conjunto.

Para fechar, uma sobremesa que junta o coco e a manga num pudim, e um surpreendente sorbet de manjericão. É um sobremesa "vegan e sem lactose", referiu o chefe, que vai de encontro com o aumento da procura por opções deste género. O pudim estava delicioso, doce na medida certa, mas foi o sorbet de manjericão que mais surpreendeu nesta sobremesa que confirmou a questão que já nos acompanhava desde o início desta experiência: o que mais o chefe Diogo Pimentel terá para nos contar?

O SAPO Viagens foi conhecer a nova carta do Viva Porto a convite do restaurante