A variedade de opções é explosiva e a diversidade e o cruzamento de influências são únicos. Quem circula pelas ruas estreitas do Bairro de São Paulo, junto às ruínas do antigo convento destruído pelo fogo, vai encontrar dezenas de pequenas lojas de souvenirs gastronómicos, invadidas por turistas asiáticos e ocidentais. Na China, é tradição oferecer presentes relacionados com comidas e bebidas. Por isso, no regresso a casa, os turistas chineses levam consigo caixas coloridas de produtos, doces ou salgados, desde carnes diversas a rebuçados e bolachas, para oferecer a amigos e familiares.
O mesmo se passa nas ruas e nas praças da histórica ilha da Taipa, ligada a Macau pela moderna Ponte da Amizade e onde hoje convivem antigas moradias coloniais e os mais sofisticados casinos do mundo, espalhados pela nova zona urbana do pequeno território.
Em Macau, é natural os habitantes cumprimentarem-se pela manhã dizendo apenas: ‘Já comeste?’, uma saudação que equivale a um ‘bom dia’. Comer na rua é um gesto comum pelo que são inúmeros os espaços que oferecem comida, abertos ao exterior, exibindo apetitosas sopas, vegetais coloridos ou as mais diversas peças de carne de porco ou vaca.
Historicamente, Macau beneficia da sua longa tradição de porta entre o oriente e o ocidente, sobretudo desde a chegada dos portugueses em 1557 e, com eles, de muitos produtos oriundos de destinos distantes na Europa, em África ou na América – produtos que se foram misturando nas comidas locais com centenas de outros produtos asiáticos, criando receitas originais e, sobretudo, muito saborosas.
Hoje não há tipo de comida que não se encontre em Macau: chinesa, japonesa, indiana, malaia, portuguesa, francesa, coreana, tailandesa e, claro, a irresistível cozinha macaense que resulta do casamento feliz entre a gastronomia portuguesa e a chinesa, utilizando ingredientes e temperos europeus, africanos, indianos e do sudeste asiático.
Com mais de 450 anos de história, a comida macaense é uma verdadeira fusão de sabores e técnicas culinárias, onde brilham pratos apurados com especiarias, como o açafrão-da-Índia, a canela, o cravo e o leite de coco que dão aos pratos aromas e sabores que ficam na memória. Pratos como a Capela, a Galinha à Africana, os Camarões Picantes à Macaense, o Minchi, o Tacho, o Bacalhau Dourado ou Macaísta ou a Sopa Lacassá e sobremesas como a Bebinca de Leite ou o Bolo Menino, contribuem para a fama e originalidade da cozinha macaense – desde 2012 inscrita na Lista de Património Cultural Imaterial de Macau e que projetou o território, há seis meses, para integrar o exclusivo grupo das Cidades Criativas da Unesco, na área da Gastronomia.
Um exemplo recente do cruzamento de influências culinárias e da efervescência que marca o cenário gastronómico macaense, é a adaptação de um doce típico português, a Serradura, recriado pelo japonês Norihito Muranaka, um criativo chef pasteleiro, actualmente responsável por essa área no Grand Lisboa Hotel. Especialista em criar novos conceitos a partir de doces tradicionais, Norihito pegou na Serradura, também muito popular em Macau, e acrescentou apenas um ingrediente na confecção desta sobremesa: matcha, o chá verde oriundo de Kyoto, terra natal do chef e que introduz um novo sabor ao doce cremoso e aveludado. A criação de Norihito chama-se Matcha Serradura, é confecionada diariamente e está disponível no Round the Clock, um coffee shop do Grand Lisboa Hotel.
Viajar para Macau
Macau situa-se na margem ocidental do Delta do Rio das Pérolas, adjacente à cidade chinesa de Zhuhai, na Província de Guangdong, no sul da República Popular da China, e a cerca de 60 quilómetros a oeste de Hong Kong.
Macau é um território composto pela península de Macau, Taipa e Coloane. A península de Macau é a zona central do território, e está ligada à Taipa por três pontes. Diversas cadeias internacionais de hotéis – com novas infra-estruturas de suporte – encontram-se localizadas no aterro entre Taipa e Coloane, numa zona recentemente criada e conhecida como Cotai.
O clima é temperado durante todo o ano. A temperatura média varia entre 20ºC e 26ºC. Os níveis de humidade são elevados numa média de 79%. A moeda é a pataca: cerca de 10 patacas correspondem a 1 euro e 8 Patacas a 1 dólar americano. As moedas estrangeiras podem trocar-se facilmente nos hotéis, nos bancos e nas casas de câmbio autorizadas que existem por toda a cidade.
Artigo publicado originalmente na revista Food and Travel Portugal
Comentários