
Conhecido popularmente como Hospital de Sant Pau, este complexo no coração de Barcelona, com vista para a Sagrada Família, foi pensado para oferecer um ambiente funcional e inovador para os cuidados médicos, ao mesmo tempo que refletia a estética do modernismo catalão.
O projeto, levado a cabo entre 1902 e 1930, é de Lluís Domènech i Montaner e teve a sua origem no Hospital de Santa Creu (Santa Cruz), um hospital fundado em 1401, localizado no bairro de El Raval, que com o crescimento de Barcelona ficou pequeno para a população, sendo necessário construir outro, maior, mais moderno e eficiente.
O nome Sant Pau é uma homenagem ao santo da devoção de Paul Gil, o banqueiro que deixou toda a sua herança para a construção do novo hospital de caridade.
Inicialmente, o projeto tinha previsto a construção de 48 edifícios, incluindo uma igreja e uma farmácia, mas apenas foram construidos 27 porque o dinheiro acabou. Os últimos pavilhões a ser erguidos usaram técnicas de construção mais baratas e mais práticas, mas nem por isso esta verdadeira cidade dentro da cidade, deixou de ser uma obra impressionante.
Lluís Domènech i Montaner desenhou um conjunto de pavilhões interligados, cada um dedicado a uma especialidade médica, permitindo um melhor fluxo de pacientes e profissionais de saúde. Após a sua morte, o seu filho Pere Domènech i Roura continuou a obra, acrescentando novos edifícios ao complexo que, apesar de nunca ter sido terminado, rapidamente se transformou num hospital de referência em Espanha. Foi aqui, por exemplo, que se realizou o primeiro transplante do coração do país.
Elementos decorativos
Os elementos decorativos do Recinto Modernista de Sant Pau são um dos seus maiores atrativos. As fachadas dos pavilhões apresentam uma combinação de tijolos, cerâmica, ferro forjado e vitrais, que criam um ambiente calmo e delicado, onde prevalecem as cores claras e pasteis, muito diferente do que estamos habituados a ver em edifícios públicos e muito menos em hospitais. Além disso, há esculturas e mosaicos, arcos e colunas trabalhadas, que adornam os edifícios, representando temas ligados à medicina e à história de Barcelona.
Para onde quer que olhemos há algo bonito para ver. As salas são luminosas, as janelas oferecem belas vistas dos jardins e da Sagrada Família e a decoração é rica e detalhada.
Jardins
Domènech i Montaner acreditava que o contacto com a natureza era essencial para a recuperação dos pacientes, por isso desenhou amplos espaços verdes entre os pavilhões.
Os jardins de Sant Pau estão dispostos em forma de abraço e desempenham um papel fundamental na conceção do recinto. Contribuem não só para a estética do conjunto, como reforçam a harmonia entre arquitetura e natureza.
As plantas e árvores ajudavam a purificar o ar e a criar um ambiente mais agradável, oferecendo áreas de descanso para os doentes e seus visitantes. Tudo ali foi pensado ao milímetro: localização das árvores e arbustos, horas de sombra e tempo de floração (porque a aroma terapia também era importante).
Muito podem aprender os atuais hospitais com a observação dos elementos presentes em Sant Pau — um complexo todo ele pensado para priorizar o bem-estar e cuidado do paciente.
Arquitetura higienista
A arquitetura higienista foi um dos princípios fundamentais do projeto. O hospital foi concebido para maximizar a entrada de luz natural e a ventilação, garantindo melhores condições para os pacientes. Os pavilhões, cada um deles com o nome de um santo, estão dispostos de forma a permitir a circulação de ar e a exposição ao sol, reduzindo o risco de infeções. Além disso, o complexo conta com uma rede de túneis subterrâneos, que facilitavam o transporte de doentes e materiais sem interferir na tranquilidade dos espaços exteriores. Até a sala de operações é maravilhosa, com forma circular e janelas do teto ao chão.
Visitar Sant Pau é uma experiência marcante. A grandiosidade dos edifícios, com as suas fachadas ornamentadas e detalhes meticulosamente trabalhados, transmite uma sensação única de respeito e dedicação ao bem-estar dos pacientes que ali foram tratados ao longo dos anos. A preocupação com a estética não é apenas decorativa, mas sim parte de um conceito que valoriza a recuperação através de um ambiente acolhedor e inspirador. Arte e a funcionalidade encontram-se aqui de forma harmoniosa
Cada pavilhão conta uma história, e ao percorrer os corredores e jardins, é impossível não sentir a intenção por trás de cada escolha arquitetónica. Os mosaicos coloridos, os vitrais luminosos e as esculturas delicadas não são meros adornos, mas sim elementos que criam um espaço onde a cura era vista de forma holística. A luz natural que invade os edifícios e a ventilação cuidadosamente planeada refletem uma abordagem inovadora para a época, demonstrando um profundo respeito pelo conforto dos pacientes.
A riqueza dos detalhes, desde os tetos decorados até aos vitrais que filtram a luz de forma sublime, reforça a ideia de que este hospital não era apenas um local de tratamento, mas sim um espaço digno para quem ali esteve internado. A preocupação com a dignidade dos pacientes é evidente em cada recanto, o que nos faz pensar na diferença que um ambiente humanizado pode ter na recuperação de alguém.
Atualmente, o Recinto Modernista de Sant Pau é um centro de conhecimento e cultura, acolhendo diversas instituições e eventos. Embora tenha deixado de funcionar como hospital, continua a ser um dos locais mais impressionantes de Barcelona, atraindo visitantes que desejam explorar a sua arquitetura e história. A combinação de inovação médica e beleza artística, faz deste complexo uma atração imperdível da capital catalã.
Como visitar
A forma mais fácil de chegar ao Recinto Modernista de Sant Pau é de metro. Use a Linha 5 (L5) e desça na estação Sant Pau – Dos de Maig. Esta estação fica a poucos minutos a pé da entrada do recinto.
Para mais informações sobre horários e aquisição de bilhetes on-line consulte o site oficial.
O SAPO visitou Barcelona e ficou hospedado no Eurostars Barcelona Central a convite do Eurostars Hotel Company
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