Foi inaugurada há menos de um ano e produz segundo os métodos tradicionais.
Cerca de uma dezena de queijeiras fazem o queijo apenas com leite cru, flor de cardo e sal. A coalhada é espremida à mão, seguindo os saberes ancestrais e muitas vezes transmitidas de geração em geração.
A Vale da Estrela está em S. Cosmado, em Mangualde e tem duas marcas interessantes.
A primeira é que se trata de um investimento de Jorge Coelho que regressa às origens e a uma atividade familiar.
O avô tinha um negócio de compra, tratamento e venda de queijo da Serra da Estrela e que ele se habituou a acompanhar. Muito do comércio era feito para algumas confeitarias em Lisboa.
Agora, o neto retoma o contacto com as queijarias e aposta na produção de queijo Serra da Estrela DOP.
A queijaria é visitável. Após marcação é possível ver as queijeiras a fazerem o queijo e o requeijão, perceber como o leite cru é coalhado, a arte das queijeiras e os requisitos para a produção de um queijo e requeijão certificado.
As vistas são acompanhadas por uma engenheira alimentar que lhes fornece essas explicações.
Há também um espaço multimédia onde é dado a conhecer a pastorícia na Serra da Estrela, as ovelhas bordaleiras e também a lã de ovelha e os trajes dos pastores. É também possível ver flor de cardo, que está na origem da coagulação do leite, artesanato local e livros em várias línguas sobre o queijo.
Este espaço fica no segundo piso e tem uma ampla vista sobre a área de produção.
A visita é mais recomendável de manhã quando começa a produção do queijo. É também indicado que seja feita a partir de outubro quando as ovelhas reiniciam a produção de leite.
Os pastores e os rebanhos que fornecem a queijaria são todos da região de Mangualde. O leite é exclusivamente das ovelhas bordaleiras, uma das raças bovinas autóctones e que é das mais resistentes ao frio, testemunha Carlos Lopes, um dos pastores que fornece a Vale da Estrela.
Tem 148 “cabeças” de acordo com a sua expressão e ele segue a tradição da família que vem, pelo menos, desde os bisavós e muito cedo decidiu também ser pastor. Gosta de andar pelos campos, tratar da criação e do pasto para as ovelhas. Pelo que já se apercebeu a tradição familiar vai prosseguir. O filho tem 4 anos e já deu sinais que também quer ser pastor.
Hoje Carlos Lopes tem menos colegas pastores, é uma profissão exigente e o rendimento não é grande mas não se queixa, diz que o importante é ter saúde, pernas para andar e coragem para os desafios da profissão.
A pastorícia é uma atividade com algum peso económico na região e a festa do padroeiro dos pastores, Santo António dos Cabaços, é num monte mesmo ao lado da queijaria Vale da Estrela.
Os animais estão decorados e cada rebanho de ovelhas e cabras anda cerca de 10 minutos a contornar a capela, um ritual classificado como “a benção dos rebanhos”.
Fazer o queijo na Vale da Estrela faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui. A emissão deste episódio, Fazer o queijo na Vale da Estrela, pode ouvir aqui.
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