Empresa sul-africana quer transformar lagarta mopane em prato saboroso e nutritivo

Uma start-up sul-africana pretende mudar a forma como as nutritivas lagartas mopanes são percebidas no mundo, de repugnantes para deliciosas.

A bowl of dried Mopani worms is seen at the Hostex food Expo in Sandton on June 27, 2022. - A South African start-up entrepreneur is changing the way people view and eat protein- and iron-packed mopane caterpillars. For the past seven months Wendy Vesela has been cooking up a culinary buzz selling iron-packed insects caterpillars known as mopane worms in wafer-like biscuits, energy bars, or as a pizza topping. The 40-year-old chemical engineer found creative ways to serve the spiky black and green caterpillars that some people find gross. She is selling them at home and abroad in trendy packaging as dried whole mopanes, but also as a milled flour that can be substituted for protein powder as well as a savory biscuit and sweet chocolate protein bar. (Photo by EMMANUEL CROSET / AFP) · AFP or licensors

Para muitas pessoas, a ideia de comer insetos ainda é atormentada pelo medo e pela inibição. Mas podem ser uma valiosa fonte de nutrição e o cultivo das mesmas não é prejudicial ao meio ambiente.

Uma engenheira química e empresária sul-africana, Wendy Vesela, encontrou uma forma de colocar estes insetos ricos em proteínas e ferro no cardápio, triturando-os em pó.

Biscoitos, barras de chocolate, cereais e batidos são feitos com esta farinha. As lagartas mopanes, cozidas no vapor e fatiadas, também podem ser usadas em pizzas.

Enquanto o consumo de insetos e larvas conquista novos terrenos, principalmente no Ocidente, a antropóloga de alimentação Anna Trapido alerta, porém, contra o consumo de lagartas mopanes como uma "espécie de aventura turística em que se ganha uma medalha" por ousar comê-las.

"As larvas devem ser tratadas com respeito porque carregam uma bagagem culinária emocional e espiritual" do sul de África, diz a especialista.

Para Vesela, originária da província do Limpopo (nordeste), estas lagartas são um alimento básico.

No Parque Nacional Kruger, perto da cidade onde cresceu, são consideradas uma iguaria cozida com cebola e molho de tomate.

A empresária encantou clientes duvidosos com os biscoitos e barras de proteína numa recente feira de alimentos no distrito comercial de Sandton, em Joanesburgo.

"Eu não vou comer uma larva. Desculpe, é nojento. Mas se me derem em forma de chocolate... É realmente delicioso", disse Gail Odendaal, de 38 anos, ao sair com barras proteicas.

Vesela considera agora a possibilidade de se aventurar no cultivo. Estes insetos não precisam de água nem de terra, apenas de uma árvore, a mopane, que cresce nas regiões quentes e secas do sul de África e da qual as lagartas se alimentam e se reproduzem.

Com uma quinta, Vesela podia ter várias colheitas por ano. Por enquanto, emprega as mulheres das aldeias quando é época, em dezembro e abril. As lagartas são evisceradas, fervidas e secas.

São "uma fonte saudável de proteína", diz Vesela, pedindo aos consumidores que "superem os seus medos".

Também ricas em gorduras e minerais essenciais, são uma fonte de proteína muito melhor do que muitos outros produtos no mercado, diz a nutricionista Mpho Tshukudu: "contêm mais ferro do que o bife mais caro".

As lagartas mopanes "são muito mais ricas em ferro do que qualquer cereal matinal supostamente enriquecido com ferro", confirma Trapido.