A Brasileira foi inaugurada em 1905 com o propósito de vender o café importado do Brasil. Na altura este produto era pouco apreciado, sendo mesmo evitado pela maioria das pessoas.
Diz a lenda que a famosa "bica" nasceu nesta casa graças a... uma campanha de marketing! Ao comprar café em grão poderia tomar-se uma "bica" grátis. Um café expresso de sabor intenso, torrado e forte. E a ideia virou moda. Hoje em dia é raro o português que não aprecie um bom café curto.
A fachada do café é um local popular para fazer uma pausa e tirar fotos, graças às atraentes curvas Art Nouveau e ao personagem sorridente acima da porta.
O interior é um exemplo atmosférico de Art Deco, projectado por José Pacheco em 1922. As paredes espelhadas, painéis de carvalho escuro e acessórios de latão proporcionam o cenário para inúmeras conversas acompanhadas de café, nas últimas nove décadas.
Os turistas tendem a sentar-se do lado de fora, na esplanada, sob os guarda-chuvas laranja que, na maioria das vezes, fornecem sombra do sol, em vez de protegerem da chuva. Os portugueses, por outro lado, preferem uma mesa do interior escurecido do café ou, se estiverem sozinhos, ficam de pé ao lado do balcão que percorre toda a extensão da barra espelhada.
Na esplanada da A Brasileira é possível ver duas das mais conhecidas estátuas de Lisboa.
Um retrata António Ribeiro, um poeta que viveu de 1520 a 1591, cujo apelido Chiado foi adoptado para esta parte da cidade. A outra figura, Fernando Pessoa, o poeta e crítico literário altamente conceituado que viveu de 1888 a 1935.
Mas se procura um local para tomar um café tranquilo este não é, definitivamente, o melhor local. A esplanada da A Brasileira é um dos locais mais fotografados de Portugal. Não há turista que resista a fotografar-se sentado ao lado de Pessoa.
Por muitos anos Fernando Pessoa foi um visitante regular do Café A Brasileira. Foi aqui que ele conheceu escritores, artistas e outros intelectuais. Nos anos que se seguiram à revolução de 1910, quando Portugal se tornou uma república, Pessoa e os seus amigos acreditavam que Portugal precisava olhar para frente e mudar.
Este grupo de pessoas eram reconhecidos como modernistas e, colectivamente, tornaram-se conhecidos como o Grupo de Orfeu, fundando uma revista de curta duração, a Orpheu. Com o tempo, Pessoa, muitas vezes sob pseudónimos (os seus famosos heterónimos), tornou-se uma das figuras literárias mais respeitadas de Portugal e um observador atento da vida em Lisboa.
Mesmo depois do seu falecimento, o café continuou a ser frequentado por intelectuais e artistas, uma associação que ainda continua hoje em dia.
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