O “Bastardo” já tem dois anos de vida e eu não fazia ideia de que existia, uma vergonha! Foi a Rute que nos levou lá. “Vais adorar, é a tua cara!”, palavras de quem me conhece bem.

Fresco, colorido, vivo e engraçado, estas são as palavras que me vêm à cabeça quando me lembro do espaço. As 50 cadeiras, todas diferentes umas das outras, nas paredes quadros com frases engraçadas, o melhor é você constatar nas imagens que registei.

Quando você entrar no Bastardo, vai receber uma atenção extraordinária, a sensação é que já te conhecem, que aquela sala grande faz parte da tua casa. Me senti tão à vontade, que durante o almoço não me importei nem um pouco em dar boas e altas gargalhadas.

O Pedro, meu irmão mais novo, era doido por Lego quando pequeno. Voltei à infância assim que o couvert chegou, uma caixa de Lego preenchida por fatias de pão alentejano, fogazza e uma manteiga de beterraba com cebola roxa muito suave e saborosa.

Restaurante Bastardo
créditos: Paula Bollinger

Ainda encantada com a originalidade de tudo o que me rodeava e indecisa no que pedir, fui surpreendida por um amuse bouche, um mimo do Chef Luis Miguel Rodrigues: Creme de fava com coentros e bacon, a combinação prima por uma leveza que ao contrastar com o bacon, traz um sabor mais forte.

Duas entradas que abriram mais o apetite: o “Tataki" de atum, com manga, alho e molho ponzu, com uma apresentação tão elegante quanto o seu sabor, a manga dá todo um charme à frescura do atum. Mas o meu lado do paladar mais português, ficou encantado com o “Entornado”, uma tábua com queijo de ovelha aquecido, compota de tomate e um cálice de vinho do Porto, o trio perfeito para comer com tostinhas rústicas. A cara da gastronomia portuguesa!

Como refeição principal, pedi o “Malandrinho”, risotto de abóbora, espinafre, goji e azeite de trufa. Resumindo, uma loucura! Sou doida por abóbora e a ideia do risotto sempre me agrada, mas a expectativa era alta até o prato chegar à mesa numa marmita. What?! Exato, é o que eu digo, criatividade é uma coisa que não falta neste espaço. Retornei novamente à minha infância, quando senti a abóbora. Lembrei do purê que a minha mãe preparava com queijo parmesão ralado. Tão “à vontadinha” que eu estava, que quando dei por mim estava comendo direto do tacho. Nossa, que gulosa! Mas há alguma maneira mais gostosa de comer confort food se não for do nosso jeito, sem querer saber se nos estão olhando ou não? Hahaha, não quis nem saber, mergulhei naquele risotto. O tempero forte e a cremosidade à moda italiana, com a abóbora, ai abóbora… formam uma combinação devoradora. O meu marido, que conseguiu colocar um pouquinho no seu prato (sério, fiquei doida com esse prato!) e é fascinado por picante, lá pediu o da casa. Chegou um pequeno frasco, do qual eu nem me atrevi a tocar. Uma das cozinheiras é caboverdiana, 'tá explicado. Minutos depois, tentou conseguir a receita, mas há segredos que merecem ser guardados a sete chaves, com toda a razão.

Restaurante Bastardo
créditos: Paula Bollinger

Outro prato a se provar é o “Ás de Espadas”: Espadarte muito bem temperado, com legumes refogados. Este, é um peixe complicado de se cozinhar, um deslize de segundos e podemos perder o preparado, exige conhecimento e delicadeza. O Espadarte do "Bastardo" é simplesmente perfeito, no ponto. Um golpe de mestre na carta fixa do restaurante.

Estive à conversa com o proprietário, para tentar entender o conceito do restaurante. Alexandre Martins tem 37 anos e logo de cara deu para perceber que é um “ideota” cheio de jovialidade.“Quando surgiu a ideia de abrir um restaurante no hotel, eu estava a viver no Brasil. Voltei com várias ideias, mas a principal era poder criar um espaço onde os clientes pudessem ficar durante horas, mas que também conseguisse receber pessoas com um horário limitado. Não há rotina no Bastardo”, me confidenciou.

Bastardo
créditos: Paula Bollinger

Resultado disso é o menu executivo, cada dia um “tacho” diferente acompanhado pelo couvert, sobremesa do dia e um copo de vinho da casa (15€). Fui numa terça, dia do tacho de Bacalhau à Brás e Abacaxi com vinho da Madeira. Perfeito, comeria o bacalhau todos os dias, eu sei, é um prato pesado por causa dos ovos e a batata palha, mas este me soube suave, com uma saladinha a acompanhar deliciosa. Não sou muito fã de abacaxi, mas provei e aprovei.

Bom, agora falemos de coisas sérias, chocolate! A carta de sobremesas é uma tentação e um atentado à dieta. Mas quem pensa em emagrecer quando está a comer confort food… eu, só por algumas milésimas de segundos.

Uma garfada do “Tasquinha do Lagarto” para a Rute e outra para o meu marido, foi o que eu deixei para eles. Sorry, mas quando há chocolate, não há brincadeiras… hahaha… O bolo de bolacha com mousse de chocolate é de lamber o prato. Crocante e cremoso, suave e nada enjoativo, foi a cereja no topo do bolo!

Ainda em fase de teste, provámos um gelado com cara de cocktail. Leva chocolate, hortelã, vinho do Porto e whisky, acompanhado por uma madalena de laranja. Gostei muito, eu que não consigo apreciar o sabor do whisky, fiquei rendida. As sobremesas com certeza serão motivos para voltar, mas o “Malandrinho” me conquistou!


Restaurante Bastardo

Internacional Design Hotel

Rua da Betesga, 3, Lisboa

Tel. 213 240 993


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