A correr bem, viajar em família é a atividade mais recompensadora que podemos fazer juntos. Nada cria melhores memórias. Nada ensina tanto às crianças. E, com o planeamento correto e escolha acertada do local, as férias não se tornam um pesadelo.
Até quando corre menos bem, o esforço feito em grupo para que todos se sintam melhor, torna tudo mais fácil de suportar e o sentimento de união e superação é muito grande. Quando um casal, ou amigos, vão fazer uma viagem e existem contratempos, não é tão fácil sair da “nuvem cinzenta”, e as crianças fazem-no naturalmente, arrastando os pais consigo. Para as crianças, o que agora é um grande drama, daqui a 20 minutos já não é nada. Nós já estivemos em ambas as situações e, acreditem, que com crianças é, verdadeiramente, mais simples.
Ainda assim, os pais são confrontados, muitas vezes, com ideias-feitas e mitos sobre viajar com crianças. Estes mitos vêm, maioritariamente, das pessoas que não costumam levar os filhos de férias. Imaginam que nas férias serão enfiados, horas a fio, na piscina do hotel, ou em filas intermináveis na Disneyland. Não tem que ser nada disto. A sério.
Assim sendo, e para ajudar a todas as famílias que querem viajar mais, vamos quebrar aqui seis mitos sobre viajar com crianças:
1. É mais stressante do que uma Black Friday
Este é o maior mito. Que levar as crianças é super stressante e dá-nos cabo dos nervos. Imaginamos a ter de puxar pela calma periclitante de uma sexta-feira, em que todos estamos cansados e fartos da semana de trabalho, e os miúdos resolvem fazer birras como se o mundo fosse acabar porque o jantar é pizza, em vez de bife. E transportam este clima de stress, para um cenário tropical, dizendo: “Acham que eu vou estar neste stress de férias? Nem pensar! É dinheiro deitado à rua!”
É um mito enorme. Há coisas que podemos fazer para nem sequer aparecer situações de stress: bem planeado por nós mesmos, sabemos logo o que fazer para solucionar um contratempo. Tudo se resume a planeamento. Férias bem planeadas, com detalhe (horas de voos, transfers, alojamento bom para famílias, atividades), conduzem a dias tranquilos.
2. Custa uma fortuna
Sim, vai custar uma fortuna se optarem por um mês de férias a conhecer os EUA. Sem dúvida. Mas há um sem número de formas de fazer férias em família, muito em conta, sem necessitar de ir às poupanças. Ser imaginativo, paciente e aberto é o segredo. Pensar nas viagens antecipadamente para apanhar bons preços nos voos, comprar para o destino que está em promoção, optar por alojamento local são decisões que vão fazer toda a diferença nos custos finais.
Natureza tem normalmente menos custos do que turismo citadino, e os miúdos aproveitam mais.
3. As crianças só gostam de hotéis com piscina e parques temáticos infantis
Levar os nossos filhos a gostar da vida para além da animação infantil, é um grande desafio. Estar a descansar num alojamento com facilidades para crianças (piscina pequena, Kids Club, amas ou animadores) é ótimo e ajuda, mas é fora deste contexto que algo fantástico acontece. Escolham a aventura certa e os mini-viajantes poderão ver elefantes a poucos metros, fazer uma coleção de conchas coloridas numa ilha ou ter uma lição de história num forte antigo. Se puxarmos um bocadinho pelos limites das crianças, vamos ficar surpreendidos pela forma como o entusiasmo e curiosidade toma conta deles. Elas retêm imensa informação por estarem diretamente expostas às coisas, e isso vai ser muito útil um dia mais tarde nas suas vidas.
4. Temos de planear com dois anos de antecedência
Que exagero! Somos defensores de planear em avanço, pelas vantagens financeiras e de logística (passaportes, vistos, etc.), mas calma, se a vida pode mudar tanto em semanas, nem vale a pena tentar adivinhar o futuro em dois anos. Ter uma ideia do que pretendemos para um ano é bom. E começar a organizar 4-6 meses antes é suficiente.
Costumamos usar este check-list como referência. Imprimir e colocar no frigorifico.
Quem costuma usar agências de viagens, nem precisa de tanto tempo. Mas perde uma das partes mais entusiasmantes do passeio: a preparação.
5. O mundo é um lugar muito perigoso para levar bebés e crianças
A segurança é muitas vezes a maior preocupação dos pais, ultrapassadas as barreiras financeiras e dúvidas com as comidas. Porque é um fator que não controlamos. O nosso maior escudo de proteção, vem com o nosso senso comum e mentalidade aberta durante a viagem. Não podemos ouvir comentários acerca de um local e assumir que é perigoso. A Síria é, neste momento, um local perigoso, mas isso não quer dizer que qualquer país árabe seja perigoso e mau para levar uma criança.
A nossa segurança parte de dentro. Sabemos muito bem o que fazer e não fazer, instintivamente, num local que nos é estranho.
6. Os pais não conseguem estar um bocado sozinhos
Passeios em família devem ser também alturas para o casal estar próximo, fora da rotina. Os filhos ocupam muito do nosso tempo (e espaço!), e às vezes até temos de telefonar um para o outro durante o horário de trabalho para passar recados que ficam perdidos entre o jantar e as 75 aventuras que aconteceram numa aula de 45 minutos de natação e que precisam de direito de antena urgente. Certo?
Mas há tempo. Eles dormem sestas, arranjam amigos para brincar mais rápido do que nós arranjamos um lugar à sombra e porque estão connosco todos os minutos do dia, não precisam de tanta atenção. O dia é longo e dá para tudo.
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Artigo originalmente publicado no blogue Onde andam os Duarte?
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