Quer conhecer os principais pontos de vários países em sete dias ou quinze dias? É possível, tem de ir por mar. E vai amar! A opção que sugiro, para quem já explorou as rotas marítimas do Mediterrâneo e dos países nórdicos, é ir mais além e aproveitar as ofertas dos cruzeiros MSC (seascape ou seaview) que saem de Miami e percorrem a América Central. Não há muitos por ano, avisando de antemão. E se quer um quarto com varanda, tem mesmo de ser célere a reservar. Terá de voar até Miami, saindo do Porto ou Lisboa.
Porquê fazer um cruzeiro? Já realizei dois, mas este foi o mais vívido porque superou as minhas expectativas e tem a ver com o perfil de viajante muito viajado: aquele que pretende conhecer o essencial dos lugares a bordo da paz do oceano. No pacote deste tipo de viagem tem mesmo incluída a serenidade que o embalo do oceano nos dá gratuitamente. Foi o que mais gostei. O que menos se ‘suporta’, mas é inevitável: a energia de milhares de almas a bordo, por vezes, é esgotante nos horários de almoço e jantar. Todavia, por isso, é bom escapar para o conforto das suites e apenas seguir no embalo do mar. E continuar o sonho.
Aconselho este tipo de cruzeiro e rota caribenha para quem está em fase de lua de mel, como foi o meu caso. E não deixe de reservar uns dias a mais caso não conheça profundamente Miami Beach e a Flórida (áreas distintas no mesmo Estado).
Pode escolher três rotas a sair de Miami, depende se for em agosto ou dezembro (meses mais inteligentes para viajar). Eu preferi a rota que envolveu Miami, Porto Rico, República Dominicana, Nassau e Ocean Cay. Pode também aportar na Jamaica ou Ilhas Caimão. Ainda também México, Costa Rica e Colômbia. Quais países são os seus preferidos? Recomendo vivamente que a rota inclua países que não tenha visitado. Foi o que fiz.
Vou dar um destaque que vai aparentar cliché turístico e não é: Ocean Cay é a ilha mais bonita das Bahamas. Nassau e outras ilhas são Bahamas num nível caribenho normal. Repletas de turismo. Mas Ocean Cay é a reseva natural única das Bahamas e não se pode ali ‘viver’. Ou seja, não há acomodação intencional porque a ilha fica completamente protegida dos humanos exploradores e turistas. É uma ilha que apenas permite que os navios da companhia MSC (que fiquei a saber é de gerência de portugueses, especificamente da Murtosa) aportem ali e não pernoitem. Depois, é bonito ver como os ‘guardadores’ da ilha abrem as redes dos mares ao final da tarde - terminados os banhos dos viajantes do navio gigantesco - e os tubarões simpáticos (eu sei que estas duas palavras juntas parecem não fazer sentido, mas neste caso fazem), assim como golfinhos, nadam livremente sem circos como em Nassau. Nessa altura já estamos a voltar ao navio e o farol acende-se por baixo do laranja do por do sol. É absolutamente imperdível subir ao 17º andar do navio e apreciar esta dinâmica quase planetária.
Na praia, vale cada minuto estar naquela água tão azul que fere os olhos. O calor é ‘anti-botox’, ou seja, derrete a pele para quem não se proteger com 50+. E, mesmo assim, derrete. A melhor recordação é aquela que os olhos captam e os búzios (discretamente podem recolher um na entrada da zona balnear, fica a dica e não é ilegal).
Segurança é total em todos os países que se aporta com este cruzeiro se formos regidos por tours que o próprio cruzeiro dinamiza. Mas pode inovar e fazer os seus passeios. Também alertar para informações que podem salvar-lhe nervos e tempo dentro do navio. Por isso, vou poupar ao leitor o estudo e a procura, deixando dicas:
- Os táxis ficam mais económicos do que se optar por tours do cruzeiro, mas tem de saber regatear, especialmente na República Dominicana. Recomendo a que se afaste ligeiramente do porto e encontrará táxis à medida;
- Escolha a Playa Dorada se for a República Dominicana, porque é a 20 minutos do porto e é lindíssima. Aproveite para fazer o passeio urbano, é uma experiência cultural que mexe com todos os sentidos;
- Em Puerto Rico, não aconselho (dado o pouco tempo) as praias, mas explorar as trilhas florestais com uma espécie de cenotes. Ou a cidade de traços coloniais mantidos, com cores vibrantes. As praias estão à disposição com muito mais atração natural nos países seguintes em rota;
- A única tour que sugiro é a do encontro afável com os leões marinhos brincalhões. Aí tem mesmo de seguir uma tour (cerca de 160 euros por pessoa);
- Aproveite um dia no navio enquanto as pessoas estão fora em cidade ou em praia… porque as várias piscinas no topo do ‘barco’ ficam em modo privado – só para nós, com os bares sempre abertos e cenários desafogados para captar fotos fantásticas. O navio tem espaços que parecem desenhados para influencers, na verdade;
- Nunca bebo álcool, mas deliciei-me com todos os sumos que preparam a bordo, no interior e exterior. E a fruta, essa sim de destacar. Todos os dias fresca e enorme;
- Tem comida a toda a hora e para todos os gostos e necessidades (não há perigo), acautele só o horário das 17h às 19h que não serve em nenhum dos restaurantes do navio. Sobretudo digo isto por causa das crianças;
- Tem bancas de gelados variadas todos os dias, o encanto das crianças. Tal como os parque aquáticos no topo do navio onde a felicidade se ouve aos gritos. Até eu fui experimentar;
- A água engarrafada é incrivelmente fresca, diferente;
- Preços e tempo: abaixo mais dicas.
- Proteja-se porque a exposição ao sol durante a navegação é fortíssima.
Na verdade, é um cruzeiro que mais parece um resort de luxo navegante. Os preços são muito apetecíveis considerando o número de países em que aporta, os lugares mais interessantes a visitar sem delongas, o modo ‘all included’ para refeições e bebidas. Neste ponto: há vários pacotes que pode pagar com ou sem bebidas (300 euros adicionais se for com bebidas). Também pacotes de wifi para quem desejar estar conectado: cerca de 300 euros que servem para dois dispositivos. Todavia, se puder estar desconectado, faça-o mesmo. Há um dia em que o navio oferece wifi gratuito, mas só isso. Atente se escolhe um pacote básico (por exemplo, só consultar email) ou com a opção de navegar pelas redes sociais também (por exemplo também para poderem as crianças se entreterem a ver vídeos em streaming). Aconselho a comprar tudo antes, pela agência, porque é um inferno indesejável se entrar no navio e tiver de esperar na receção para obter pacotes de refeição/bebida/wifi.
Também, aconselho a não se preocuparem com toalhas de praia na bagagem, mas levarem escovas de dentes, pois nunca há descartáveis. No porto, em Miami, pode passar com bebidas no controlo da imigração. É estranho, mas pode. E é rápida a passagem e o check do passaporte e do bilhete. Atenção que deve imprimir sempre as etiquetas a colocar em cada bagagem, senão estas não são acomodadas no grande Titanic.
A tripulação é de uma multiculturalidade adorável, apesar de serem todos norte-americanos. São todos simpáticos e demonstram eles também estarem a gostar da viagem. Tudo é seguro e limpíssimo, aliás acontecem inspeções quando se aporta em alguns dos países.
Quando estiver em Miami, não reserve tours do cruzeiro. Vá por si, acredite que será muito melhor. E se quiser, fora da zona da Ocean Drive, visite gratuitamente Miami Beach com o electric car azul. E, fora do circuito do elétrico, faça o máximo de mergulhos possível em jejum no mar caribenho e quente de Miami às 6h ou 8h, depois siga para um brunch num Café Americano, caminhe pela Ocean Drive e inspire-se na Art Deco. Almoce ou jante na Mansão Versace, agora um restaurante com todo o espólio Versace mantido. Só pode visitar a Mansão ou parte dela se estiver ali alojado, ou se reservar almoço ou jantar no dia anterior. Se quiser, aproveite para carregar a bagagem de muitos itens de luxo a preços irrisórios (nas lojas Ross). Trouxemos muitas coisas vaidosas, apesar de ser isso o menos importante. Mais valiosos são os búzios da Ocean Cay. Em Miami vive o real sonho americano e quase só o ouve em espanhol.
Comentários