Mas adaptação é a palavra-chave para quem não consegue ficar muito tempo no mesmo sítio e, numa altura em que a luz ao fim do túnel ilumina o setor das viagens, as perspetivas de recuperação são cada vez mais favoráveis.
Depois de um ano e meio de muitas viagens canceladas, fronteiras encerradas, quarentenas, confinamentos, aviões em terra e atrações vazias, eis que a vacinação e o controlo da pandemia voltam a dar um novo fôlego ao turismo mundial que teve perdas na ordem dos quatro triliões de dólares nos anos 2020 e 2021, de acordo com dados da Organização Mundial do Turismo (OMT).
Um número astronómico no qual é fácil ficarmos perdidos, da mesma forma que era fácil ficarmos perdidos com as regras impostas por vários países para viajar durante a fase mais crítica da pandemia.
Agora, começa a ser mais acessível. Quem tem a vacinação completa consegue entrar de forma tranquila em muitos destinos que continuam, ainda assim, a exigir a apresentação de testes negativos (PCR ou antigénio) à entrada. Os viajantes também não escapam ao preenchimento de formulários de saúde quando chegam a um novo destino. E a máscara e o álcool em gel transformaram-se nos acessórios mais importantes numa mochila. É este o novo normal das viagens.
Das grandes cidades, estes termómetros naturais do turismo, já nos chegam imagens de ruas compostas, de grupos de turistas a circular. Ainda assim, a OMT aponta que os níveis pré-pandemia só devem ser atingidos em 2023.
Esta crise mundial sem precedentes ajudou a moldar tendências emergentes e deu força ao turismo doméstico. O “vá para fora cá dentro” nunca fez tanto sentido como nos últimos tempos.
As fotografias de lugares naturais carregados de turistas no pico do verão, como a ilha de São Miguel ou o Parque Nacional da Peneda-Gerês, trouxeram à luz do dia outra discussão que estava quente antes da pandemia: o equilíbrio entre o turismo de massa e a sustentabilidade dos destinos.
Mesmo com a diminuição do número de visitantes, há lugares que continuam a pensar em soluções para que o excesso de turismo não estrague ainda mais a vida dos seus habitantes, bem como dos seus ecossistemas. Veneza, Barcelona ou algumas ilhas na Tailândia fazem parte da lista de destinos que lutam contra este turismo massificado.
As implicações causadas pela pandemia acabaram por combater esta tendência. A necessidade do distanciamento social e a procura por espaços ao ar livre juntaram-se a uma maior preocupação ambiental e social durante as viagens. Comportamentos favoráveis para que a retoma do turismo se faça de uma forma mais sustentável.
Da teoria à prática muito pode mudar e é inevitável que ritmo voraz das viagens volte logo que este bicho chamado COVID-19 esteja controlado. Nada será mais como era antes? É provável que volte a ser, mas, em certos pontos, era até melhor que não fosse.
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