Imagem: Gasadalur, Ilhas Faroé / créditos: Sebastian Boring - Unsplash
A prática chama-se grindadráp, no idioma local, e consiste numa caça a golfinhos e baleias-piloto que são encurralados numa baía e, depois, mortos. Esta é uma atividade que remonta aos primeiros assentamentos nórdicos no arquipélago e que continua a ser organizada por parte da comunidade.
Nas Ilhas Faroé é considerada uma prática legal e sustentável, mas que tem sido condenada pela comunidade internacional. Grupos de direitos dos animais e opinião pública, amplificados pelas redes sociais e pelas imagens horríveis dos cetáceos mortos na praia, condenam esta tradição.
Por outro lado, as Ilhas Faroé são aquele destino de natureza em estado bruto que faz parte da lista de sonho de muitos viajantes. O território autónomo da Dinamarca conquista pelas vastas paisagens, cascatas e fiordes. E, enquanto sonhamos em marcar uma viagem para este destino do Atlântico Norte, quase nos esquecemos da matança dos golfinhos.
A verdade é que este é apenas um exemplo de muitas outras práticas e tradições condenáveis segundo certos padrões levadas a cabo em… todos os países do mundo. E, agora, para complicar, coloca-se a questão: haverá um limite do aceitável que nos leve a riscar um destino da nossa lista?
Regimes ditatoriais, nações que não respeitam os direitos humanos, onde certos grupos ou géneros são perseguidos, que têm pena de morte, que têm trabalho infantil, que massacram animais. Enfim, a lista poderia alongar-se por muitos mais exemplos que, à partida, podem levar-nos a evitar fazer turismo em certos destinos. Se olharmos para o nosso retângulo também vamos encontrar tradições com as quais nem todos concordam, as touradas são o exemplo mais óbvio.
São práticas condenáveis, algumas, inaceitáveis e, até, ilegais em certos países. Disso não há dúvida. Contudo, no que toca às viagens, não existe um certo ou errado na escolha dos destinos. A decisão compete a cada viajante. O mundo é muito vasto para, simplesmente, excluirmos destinos sem, antes, tentar compreendê-los in loco.
Não é a primeira vez que leio crónicas de viajantes por países árabes, reconhecidos por não respeitarem os direitos das mulheres e por regimes autoritários, que dizem lá ter encontrado dos povos mais hospitaleiros de sempre.
Uma das grandes mais-valias de viajar é quebrar preconceitos e abandonar ideias feitas que tínhamos sobre certos lugares ou povos. Não julgar a parte pelo todo e tentar compreender o contexto é fundamental antes de pensar em, simplesmente, retirar um destino da lista. Em última análise, será uma decisão única de cada viajante e da sua consciência.
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