Passar a noite no Jumbo Stay era a minha surpresa para o dia da chegada dos miúdos a Estocolmo. Eu já tinha feito o percurso entre Portugal e Suécia de carro durante dez dias (foi a primeira grande viagem relatada no Viajar em Família) e eles vinham agora juntar-se a mim.
Esta aterragem na capital da Suécia (na primeira viagem de avião sem os pais) tornou-se então na oportunidade perfeita para concretizarmos mais uma experiência diferente em família.
Íamos dormir num avião, que agora está estacionado no aeroporto. O Jumbo Stay. Tem o conceito de um hostel, com quartos individuais, duplos ou triplos mas também dormitórios com vários beliches.
A grande maioria dos quartos tem casa de banho partilhada, que manteve a estética de um habitual wc de avião, agora com o acréscimo de um duche.
Mas o que distingue este alojamento são as instalações insólitas. Um verdadeiro antigo avião Jumbo Boeing 747, estacionado muito perto do aeroporto de Arlanda que passou a servir viajantes em terra.
O Jumbo Stay foi todo transformado por dentro para conseguir alojar jovens e menos jovens. Aliás, essa foi mesmo uma das grandes constatações que tive enquanto hóspede.
Por aquele enorme corredor cheio de portas de quartos (o corredor central do avião) vi passar casais, famílias, grupo de amigos e viajantes individuais de todas as idades e muitas nacionalidades diferentes. Em comum tinham quase sempre um sorriso na cara, de alegria ou admiração talvez, pela curiosidade do lugar.
Ao longo do corredor estão expostas fotografias de todo o trabalho de transformação que foi realizado, até o Jumbo Stay chegar ao que é hoje. Assim como o "antes” e o "depois” do avião.
Senti que este não é apenas um lugar para dormir. É um lugar diferente, que normalmente não associamos a um sítio para pernoitar mas que se escolhe porque nos leva a imaginar todas as pessoas que por ali já passaram. As viagens realizadas, os países visitados, as mais diversas histórias de vida, tendo assim a vantagem de nos proporcionar diversas experiências.
O passeio pela asa é uma delas. É incrível saber que estamos realmente em cima da asa de um avião. Esta sensação está disponível (mediante um pagamento) às pessoas que não estando alojadas no Jumbo Stay, gostavam de poder viver esta emoção.
Foi aqui que passámos algum tempo ao fim da tarde, com um sol quente como companhia, sentados numa das mesas de madeira. Depois apanhámos o autocarro (grátis) para ir jantar ao aeroporto, que fica a uma pequena distância. Preferimos assim já que no Jumbo Stay apenas tinham refeições já preparadas para aquecer.
Sim, os quartos são pequenos. As camas são beliches. Mas as janelas são as originais. E a arrumação de bagagem de mão também ficou. Além de que todos os hóspedes têm de se descalçar, à entrada do Jumbo Stay. E é isto que faz esta experiência ser tão inesquecível.
Mesmo antes de adormecer, o Francisco fez uma interessante observação, de que não me vou esquecer: “era bom que todos os aviões tivessem estas camas mesmo a sério…”. Era pois. Fica a ideia!
De manhã tomámos o pequeno-almoço, simples mas agradável, que começa a ser servido às 3h da manhã na colorida parte da frente do avião. E ficámos assim prontos para explorar Estocolmo.
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