O provável desabamento de uma parte da serra colocou à luz do dia enormes cavidades.
É um vale com várias buracas, como aqui foram designadas. Algumas estão no sopé das encostas, outras em pontos mais altos.
A superfície é em calcário, a cobertura é na maior parte dos casos oval o que coloca imensas dificuldades aos apaixonados de escaladas que têm um fascínio especial por este local, devido em particular à “caraterística física da rocha, a inclinação da parede, a quantidade de vias e o grau de dificuldade. É desafiador.”
Ainda nas palavras de Beto Junqueira, as “presas aqui são menores, agarra-se apenas com as pontas dos dedos e, por isso, demanda um esforço físico grande.”
Beto Junqueira vive no Porto, escalava com dois amigos e não era a primeira vez que visitava o Vale das Buracas. “É incrível. Eu sou do Brasil, resolvi mudar para cá, fui pesquisar e isto é famoso na internet, mais ainda na comunidade de escalada.”
O enquadramento natural impressionou-o na primeira vez que viu o vale das Buracas. “Quando se vem na estrada é um grande choque, quando se vê as buracas. É incrível. Além parece um castelo, incrível. É um lugar especial.”
Eles estavam no sector El Dorado que já exige experiência. “Tem outros sectores, por exemplo o primeiro, quando chegamos da estrada, que se chama Vaca Voadora.
É um pouco mais democrático, tem algumas escaladas mais fáceis, mas, mesmo assim, algo difíceis. Já exigem experiência, alguma prática e habilidade.”
Apesar do elevado nível de dificuldade vi Bruno Marcondes a chegar quase a meio da via com alguma destreza. “Porque ele é muito forte. O desafio é sair do chão e chegar ao topo sem cair e segurar apenas na rocha. O que a gente faz é dividir a via em etapas. Parou no meio, agora descansa e deixa o corpo falar para tentar de novo.”
Foi exatamente numa pausa a nossa conversa. Pouco depois foi a vez de André Maeda, que há quase uma década ficou em lugares cimeiros no campeonato brasileiro de escalada.
“São fases. A escalada tem de estar treinando. Você não vai escalar sempre igual. Já escalei melhor, mas isso não quer dizer que esteja mais forte. Cada um tem o seu desafio. Em cada via destas o desafio não é contra as pessoas, é com você mesmo. Por exemplo, esta via para mim é muito dura. Não é a questão da performance, mas a gente busca a performance”
Além do desafio individual há também a partilha e a cumplicidade. Como salienta Beto Junqueira, “escalada são duas coisas. Treino, força... e estar em contacto com a natureza e dentro disso ter a comunidade de amigos. A gente vem para passar o dia. Pratica desporto, convive com amigos, está em contacto com a natureza, os animais. Isso influencia muito a escolha de vir para cá.”
O vale das Buracas tem mais de 60 vias para escalar. Muitas com um nível de dificuldade elevado.
Relativamente próximo, embora pertença ao concelho de Pombal, há outro vale com rochas calcárias onde também, se pratica escalada, o Vale dos Poios
Vale das Buracas para escalar faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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