A iniciativa designa-se “Rota do Volfrâmio e do Estanho - História e Memória das Comunidades Mineiras” e tem já assegurado parte do financiamento. O projeto aposta na valorização turística com a criação de percursos e a requalificação de alguns espaços associados às minas para centros interpretativos.
Um deles é a Lavaria do Cabeço do Pião, um lugar espantoso pela transformação operada pelo homem. Vão também ser abertas ao público algumas galerias. A expectativa é que em setembro do próximo ano já esteja concluída a fase das obras de requalificação.
No presente, a visita às Minas já constitui uma experiência única. Deslumbrante. Pela dimensão, pelas enormes escombreiras que parecem montanhas, pelo esforço do homem que há mais de um século revolve a terra para explorar o volfrâmio. Tudo isto impressiona.
Na estrada de acesso à aldeia de S. Francisco de Assis e depois à Barroca Grande, onde está a boca da mina, somos permanentemente surpreendidos pela dimensão do território que desde 1886 está a ser transformado pela mão do homem.
Um exemplo, desde a Segunda Grande Guerra, quando teve maior exploração com 10 mil trabalhadores, já se produziram mais de 100 mil toneladas de concentrado de volframite.
Ficamos impressionados em particular com a montanha de matéria extraída e que está Cabeça do Pião, junto ao Zêzere e com o anel amarelo e castanho que circunda a Barroca Grande. Provoca uma reacção confusa. Ficamos sem saber se protegem ou ameaçam o bairro residencial e as minas onde agora trabalham cerca de 300 pessoas.
O efeito visual é fantástico. Surpreende de imediato olhar. Joana Campos, presidente da Junta de Freguesia, afirma que as escombreiras são procuradas por gente de vários países e já serviram de pista para desportos radicais – "tivemos experiências de esqui e motards que desceram montes de gravilha com 150 metros de altura".
"Foram experiências muito interessantes e que poderiam ser melhor aproveitadas.”
Joana Campos tem muitos familiares ligados à mina. O seu pai até foi o impulsionador do Museu Mineiro onde está retratada a história da mina.
As instalações são uma enorme peça metálica. Um antigo depósito de combustível que imita um gasómetro, o instrumento que iluminava os mineiros. Nos três pisos da estrutura estão expostos vários objectos.
Os visitantes podem ainda percorrer uma galeria escavada pelos mineiros há 120 anos, com cerca de 60 metros e que pretendem ampliar.
Descreve Joana Campos que os visitantes “entram na galeria, colocam o capacete e usam uma lanterna. Através do percurso ficam com uma ideia do que é a vida de um mineiro dentro de uma mina.”
O Museu é uma iniciativa da Junta de Freguesia que defende uma aposta no turismo porque a “mina não é eterna”.
Num passado recente Joana Campos alertava para a falta de apoios e necessidade de maior promoção deste património, para além da que é feita pela Freguesia e por alguns visitantes – “ficam encantados e muitos regressam”.
O presente da mina sofreu alterações significativas do ponto de vista laboral e das condições de trabalho. Quem foi mineiro nas Minas da Panasqueira, há várias décadas, guarda memórias negativas. Da experiência própria e dos familiares.
No acesso às minas encontramos alguns bairros e instalações industriais que estão a laborar longe do rebuliço de décadas atrás.
Mesmo na Barroca Grande o ambiente é distendido. Ouve-se o roncar de máquinas cujas passadeiras transportam o minério mas o resto é um vale de silêncio.
O bairro, quase deserto, e o anel que circunda a povoação marcam o registo industrial mas parece que os ponteiros do relógio pararam há muito tempo.
A formalização do projeto “Rota do Volfrâmio e do Estanho - História e Memória das Comunidades Mineiras” entre o Turismo de Portugal e os municípios do Fundão e Covilhã realiza-se esta quinta-feira, 6 de agosto, na Barroca Grande e conta com a presença da secretária de Estado do Turismo.
Aqui encontra informação detalhada sobre as Minas da Panasqueira.
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