É um espaço de contacto privilegiado com a Natureza e permite ao visitante conhecer e perceber a importância que teve para aquela região, a industria da extração do sal. É um lugar único que une a biodiversidade a um relevante património sociocultural.
A Reserva Natural Salinas de Samouco é um estuário que fica localizado entre Alcochete e o Montijo, na margem esquerda do Rio Tejo. São 360 hectares de ambiente natural, constituídos em grande parte por salinas e um intrincado sistema de canais e tanques.
Apesar de ter sido informada que ali viviam cerca de 250 espécies de aves, incluindo flamingos, para ser sincera, não ia à espera de ver muito e, no final, acabei verdadeiramente surpreendida e de coração cheio com tanto que vi.
As Salinas do Samouco albergam hoje, para além da produção de sal, um projeto ecológico e ambiental de proteção e conservação, sendo um local de alimentação, refúgio e nidificação de milhares de aves e outras espécies.
O Trilho do flamingo (4 km com dificuldade reduzida) e do Pernilongo (7 km com dificuldade média) são os dois passeios que podem ser realizados nesta área natural e, através dos quais, podemos conhecer a importância do salgado e observar in loco as aves estuarinas.
Várias aves migratórias repousam aqui depois dos seus longos voos e algumas espécies fazem desta área, que se altera com as marés, o seu lar todo o ano.
É possível fazer uma visita guiada, mas optamos por ir ao nosso próprio ritmo e seguir o Trilho do Flamingo.
Logo no inicio fomos brindados por uma série de (barulhentos e adoráveis) pernilongos.
A paisagem era de tirar o fôlego!
Ao longe, primeiro e depois de perto, vimos bandos de flamingos. Eram muitos e a certa altura levantaram voo. Foi um espetáculo de beleza única… Pura poesia. As fotografias não o conseguem transmitir. É preciso estar lá.
Pelo caminho encontramos também dezenas de simpáticos burros mirandeses que ali estão ao abrigo de um projeto de conservação.
Vi também vários coelhos, rápidos demais para pousar para a fotografia.
Quando o sal era o "ouro branco"
Mais ou menos a meio do percurso, chegamos à Marinha do Canto, a única salina neste local que se mantém em funcionamento.
O complexo centenário do Samouco, remonta ao século XIII e era originalmente constituído por 56 salinas. Foi durante muitos anos, o principal produtor de sal do país, mas representa muito mais do que isso, representa parte da história e cultura de um povo — os alcochetanos.
O sal era nesta região o sustento de muitas famílias. Chamavam-lhe o “ouro branco” e Alcochete foi, durante muito tempo, o principal núcleo de produção desta riqueza que, depois de extraído, era transportado para Lisboa, onde era vendido e exportado.
A extração do sal era uma tarefa árdua. Nessa época as pessoas trabalhavam "de empreitada, das 03.00 às 08.30 para tirar sete molhos de sal, que eram cinco toneladas e meia, e corriam 140 metros com a canastra de 48 a 60 quilos à cabeça para despejar o sal na serra”.
O trabalho de rapação (rapar o sal da salina e juntá-lo com o rodo) também era pesado. A água salgada muito saturada fazia a pele envelhecer rapidamente… As marcas físicas eram muitas e a compensação na carteira, muito fraca.
Atualmente, a produção de sal nas Salinas do Samouco é feita sobre os moldes artesanais, com todo o rigor e com uma dedicação extrema, dando origem a um sal da mais alta qualidade. O sal e flor de sal extraídos artesanalmente dos cristalizadores preservam as propriedades da água marinha e são excelentes não só para a gastronomia, mas também para a utilização em tratamentos medicinais, cosmético e spas.
O período de extração do sal começa normalmente em maio, quando terminam as chuvas da primavera, e vai até o final de setembro, com as primeiras chuvas do outono.
Quem quiser conhecer mais sobre esta atividade pode ser “Salineiro por um dia”, basta marcar no site das Salinas do Samouco .
Dica: Se visitarem as Salinas não se esqueçam de levar protetor solar e repelente de insetos. São duas coisas absolutamente essenciais.
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