No concelho de Penacova há mais de 50 moinhos, cerca de metade estão bem conservados e poucos ainda moem o centeio e o milho.
Algumas das construções foram adaptadas para alojamento de visitantes.
Outras foram recuperadas devido ao seu valor cultural, como é exemplo um dos três moinhos de Vitorino Nemésio que um filho ofereceu à Câmara Municipal de Penacova. Dizem que se inspirava aqui, depois de dar aulas em Coimbra porque a paisagem no alto da Portela de Oliveira era muito parecida com algumas ilhas dos Açores, sua terra natal.
Vitorino Nemésio até chegou a presidir à Associação Portuguesa dos Amigos dos Moinhos.
Agora o seu nome inspira o Museu do Moinho que está aberto ao público há quase dois anos. O bilhete de ingresso dá para visitar as duas instalações: o museu e o moinho de Vitorino Nemésio.
O museu ilustra a atividade dos moleiros nesta região. Estão em exposição peças de moinhos de vento, de água e manuais, como também instrumentos para limpar e medir os cereais e para picar a mó do moinho. Todas as peças são de moinhos do concelho de Penacova que foram oferecidas ao museu pelos moleiros.
No Verão eram usados o moinhos de vento e como estavam impossibilitados de os usar no inverno devido à intensidade dos ventos, recorriam às azenhas aproveitando a força das águas do Mondego ou do Alva.
Os moinhos estão concentrados em três núcleos museológicos no alto das serras. Além da Portela de Oliveira, há um número assinalável na serra da Atalhada e na serra de Gavinhos. Aqui os moinhos estão acompanhados de uma estátua dedicada ao Imaculado Coração de Maria e têm uma vista sublime para as encostas das serras e várias aldeias que quebram o verde da vegetação.
Em Gavinhos há 14 moinhos. Alguns estão em ruína outros foram recuperados e um ainda é utilizado para moagem. Ao lado funciona um café e há um espaço para piqueniques.
Há um roteiro dos moinhos e não é difícil de fazer. Na verdade, o maior cuidado é com o sol e o vento.
Neste roteiro é obrigatória a passagem por mais três locais. Pelo Mosteiro de Lorvão, que merece um relato exclusivo, por Penacova e pela Livraria do Mondego.
A sede do concelho tem um património religioso interessante mas o mais singular é o paisagístico. A vista sobre o Mondego, as montanhas enormes que tornam minúscula a ponte e ao longe os moinhos no alto da serra exigem que se contemple a paisagem durante largos minutos.
Um dos lugares recomendados é no Miradouro Raul Lino, em Penacova. Há mais alternativas e uma das que mais gostei foi na Estrada Nova, à entrada da vila. Ao lado de uma cafetaria (Entretantos Cafetaria), um edifício de construção recente, tem um pátio que se pode visitar com uma vista magnífica e onde percebemos melhor como o Mondego é afunilado por entre escarpas rochosas e o local onde existe um surpreendente monumento natural: a Livraria do Mondego.
São esculturas em quartzitos e parecem livros dispostos na vertical, como se estivessem numa livraria.
São lombadas de livros com milhões de anos e que agora podem ser vistos mais facilmente a partir do passadiço que foi construído ao lado do Mondego e da EN2, a estrada que atravessa Portugal, de Chaves a Faro.
Pé na Cova e moinho na serra faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Pé na Cova e moinho na serra, pode ouvir aqui.
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