O Teatro Garcia de Resende de Évora, mesmo a nível internacional, é um dos mais bonitos teatros de estilo à italiana. Acabou de assinalar 130 anos.
Nasceu da vontade da elite de Évora e passou por tragédias como tempestades que o destelhou e provocou danos nas pinturas. Até chegou a ser depósito de lixo.
O Centro Cultural de Évora, hoje Centro Dramático de Évora, o CENDREV, ocupou o edifício e a companhia iniciou um processo de renovação do Garcia de Resende em conjugação com o município.
José Russo é diretor do Cendrev e não hesita em qualificar o Garcia de Resende como “uma peça da arquitetura teatral italiana que é genial.
Sob vários pontos de vista: acústica, condições técnicas, visibilidade...”
O Cendrev organiza visitas ao teatro. Por vezes são alunos de teatro e reagem com espanto à beleza da sala. Por outro lado, “há poucas salas como esta. Não apenas em Portugal.
Encenadores e cenógrafos que com alguma regularidade vêm aqui trabalhar connosco e quando entram naquela caixa de cena ficam completamente fascinados.”
É de facto deslumbrante. Como os outros teatros de estilo italiano, a sala tem a forma de ferradura e a plateia está muito próxima do palco.
Os dois pisos com camarotes e frisas estão repletos de elementos decorativos. Sobressai a talha dourada, peitoris forrados a tecido vermelho, medalhões com retratos e muitos candeeiros metálicos que acentuam o brilho do dourado da decoração.
O teto está revestido com uma pintura onde várias figuras vagueiam no céu, em redor de uma esfera armilar onde se lê Garcia de Resende.
Quase todos os espaços sociais do teatro estão também repletos de pinturas ou decoração em estuque, madeira ou mármore.
Desde o salão nobre do primeiro piso ao átrio de entrada onde se destacam pinturas de João Vaz com figuras clássicas da dança, literatura e comédia.
O teto está igualmente revestido com uma pintura e no centro estão representadas as armas da cidade.
Há ainda referencias aos promotores do teatro Garcia de Resende que escolheram os melhores e mais experimentados artistas como Luigi Manini, cenógrafo titular do S. Carlos em Lisboa que foi o modelo inspirador do teatro de Évora.
Quem passeia por Évora é enganado pela fachada fria, de granito. Resultou de uma alteração realizada em 1969 e substituiu a fachada original em mármore rosa, mais coerente com o estilo da decoração interior.
No teatro Gracia de Resende é desenvolvida uma programação variada. É um dos equipamentos de excelência da cidade e com um papel relevante no decorrer de Évora Capital Europeia da Cultura de 2027. Quase 150 anos depois de ter sido lançada a primeira pedra.
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