É uma tradição que se cumpre todos os anos na Festa da Divina Santa Cruz.
“No dia 3 de Maio há sempre um grupo de pessoas da terra que se juntam e preparam um pote de barro. É caiado de branco e no interior colocam um ramo de flores silvestres. Algumas são rosas albardeiras. Vão ao castelo, levam os adufes e cantam à Divina Santa Cruz.”
A descrição é de António Catana, investigador e autor de várias obras sobre etnografia no concelho de Idanha-a-Nova.
O pote simboliza fartura e o ritual assenta numa lenda sobre um cerco a Monsanto realizado por militares mouros. “Dizem que o castelo de Monsanto esteve cercado sete anos. Tinham um bezerro e um alqueire de trigo e estavam para se renderem. Antes da decisão final, o governador do castelo decidiu ouvir a pessoa mais velha. Era uma mulher e sugeriu dar o trigo à bezerra e depois lançá-la do castelo.
De um sítio onde os mouros pudessem ver. Quando a bezerra caísse o corpo mostrava o trigo. É esta cena que eles pretendem representar e o pote significa a abundância. Diz a lenda que os mouros foram embora e eles ficaram em paz.”
O ritual é cumprido a rigor. São associadas cerimónias religiosas, há a participação de grupos etnográficos e, no alto do castelo, fazem a recriação do cerco com as mulheres e cantar, tocar adufe e agitar as marafonas, bonecas sem olhos e nariz.
“A marafona é constituída a partir de uma cruz de madeira. As mulheres cantam à Divina Santa Cruz”. Há também quem associe a boneca “para afugentar as trovoadas e até as colocam à janela. Para outros, como não tem olhos, é um símbolo de fertilidade e é colocada na cama da noite de casamento para dar sorte e terem filhos.”
Em Monsanto a marafona representa uma mulher. Na aldeia vizinha de Penha Garcia representa uma criança e tem o nome de Maia.
Havia o hábito de a colocar à janela nos dias de Maio para afastar as trovoadas e, desse modo, poupar as searas.
Monsanto - na “aldeia mais portuguesa” hoje há marafonas e o pode cai das muralhas faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, tem o apoio do Turismo Centro Portugal e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Comentários