A menos de de 60 km do Porto, há uma ilha: dos Amores, segundo a lenda, do Castelo ou do Outeiro, de acordo com a história. Apesar da falta de indicações, com a ajuda do GPS é fácil encontrar o pequeno pedaço de paraíso no meio do rio Douro. Mesmo que não cheguemos à primeira tentativa à Praia do Castelo, na freguesia de Fornos (Castelo de Paiva), não há problema: é sempre uma oportunidade para descobrir o desconhecido.
Na praia, o areal não é o centro das atenções. A Ilha dos Amores é a protagonista. Reza a lenda que um lavrador e uma fidalga da região viveram uma história de amor ao nível de Pedro e Inês. Pelo que se conta, um nobre pediu a mão da fidalga, ficando o lavrador de coração partido ao saber que iria perder o amor da sua vida. Num ato de loucura, matou e atirou ao rio Douro o novo pretendente da sua amada. Com medo das consequência, fugiu para ilha.
Mas o amor pela jovem fidalga desafiava o perigo, decidindo voltar e pedir-lhe para ela viver com ele na ilha. Mas quando atravessavam o rio num pequeno barco, formou-se uma tempestade. Não sobreviveram e a história acabou. Nasceu a lenda e um nova aura na ilha, que passou a ser dos Amores.
O encanto deixado pela lenda continua a despertar o interesse dos mais curiosos. Apesar da meia dúzia de pequenos barcos ali atracados, nem sempre há viagens - no verão, o senhor Falcão é quem amavelmente leva os turistas até à ilha. Há quem faça piqueniques, acampamentos ou apenas desfrute da paisagem, conta o responsável pela manutenção do espaço que, na Praia do Castelo, tem uns quatro ou cinco barcos. Um dos maiores leva doze pessoas e está à espera de ser restaurado.
Do topo da ilha, é possível ver três concelhos: Castelo de Paiva, Marco de Canaveses e Cinfães. No local deserto, banhado pelo rio Paiva e Douro, há algumas mesas e umas ruínas, descobertas há uns anos por arqueólogos, revela o senhor Falcão, que trabalha há cerca de 40 anos com barcos.
Desde a história da fidalga e do lavrador, não são conhecidas mais histórias da amor vividas na ilha. Mas quantos amores não terão começado ali, no meio do Douro?
Fotos: Paulo Teixeira
*Artigo publicado originalmente a 24 de abril de 2017
Comentários