53 anos depois, é isto que podemos ver quando a barragem é esvaziada para limpeza ou em períodos de seca, em que que o nível da água desce bastante. Nestes alturas, grande parte da aldeia fica a descoberto e, seguindo o trilho que acompanha o rio, poderá ter um vislumbre do que terá sido a aldeia. Apesar da ausência de telhados, as construções permanecem praticamente intactas, sendo possível distinguir diferentes edificações, bem como muros e caminhos.
Para que o rio, com a ajuda do tempo, não apague por completo esta história, os antigos habitantes formaram a Associação AFURNA, tendo como missão a defesa do património etnográfico, cultural e ambiental desta zona.
Graças aos esforços dessa associação, foi inaugurado em 1989 o Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna, edificado com pedras de casas da aldeia.
Atualmente, além da visita ao museu e do percurso junto ao rio, é também possível conhecer o que resta da aldeia através de mergulho, em passeios exploratórios organizados por entidades especializadas.
Se ficou curioso com a história desta aldeia-fantasma que emerge misteriosamente do rio, só tem de meter pés ao caminho e dirigir-se para norte. Antes disso, não deixe de espreitar a fotogaleria abaixo.
A seca em Portugal
Nos últimos anos, Portugal tem enfrentado várias crises de seca, devido às alterações climáticas, que têm afetado severamente setores como a agricultura e, no futuro, poderá desenvolver-se para outras áreas e ter implicações sociais.
De acordo com o IPMA, no final de janeiro, verificou-se uma diminuição de área de Portugal continental em classe de seca moderada, de 16,2% em dezembro para 2% em janeiro e também uma descida nas classes de seca fraca de 21,4% para 18,3%, chuva moderada de 19,5% para 8,2% e chuva severa de 0,5% para 0,3%.
No fim do mês passado, 36,6% do território estava na classe chuva moderada e 34,6% em normal. O instituto classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.
Segundo dados do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos (SNIRH), até 12 de fevereiro, 51% das albufeiras monitorizadas apresentavam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 15% inferiores a 40%.
Em 12 de fevereiro, a bacia do Barlavento continuava a ser a que tinha a menor quantidade de água, apenas 10,9%, quando a média é de 75,7%. No entanto, registou-se uma melhoria relativamente ao mês de janeiro quando estava com 9,4%.
Os dados do Boletim Climatológico do IPMA indicam também que o primeiro mês deste ano classificou-se como extremamente quente em relação à temperatura do ar e chuvoso em relação à chuva.
O mês de janeiro de 2024 em Portugal continental foi o 3.º mais quente desde 1931 e o mais quente dos últimos 58 anos.
Se o nível da água baixar em Portugal Continental, a aldeia submersa de Vilarinho das Furnas poderá mesmo ficar permanentemente exposta no futuro.
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