Estávamos já com dois meses de viagem quando terminámos a nossa travessia pela Costa Vicentina (que adorámos!) e sentíamos já algum cansaço acumulado. Ainda se fazia sentir muito o calor, não estivéssemos nós em pleno Agosto e dormíamos em tenda desde Albufeira. Sabíamos, no entanto, que esperava por nós uma cama e um banho refrescante em Setúbal para onde nos dirigimos no dia em que deixamos Porto Covo.
A cidade de Bocage não nos podia ter recebido melhor: ficamos fãs, a sério! Facilitou o facto de sermos recebidos por familiares que nos levaram a conhecer a cidade como locais e a provar os sabores do mar tão característicos. E claro, não podia faltar o delicioso moscatel… muito moscatel!
Depois de Setúbal seguiu-se a nossa capital onde não podia deixar de faltar um Pastel de Belém e um belo passeio junto ao Rio Tejo onde a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos e o Padrão dos descobrimentos atraem todos os dias muitos visitantes. Decidimos continuar junto ao rio até Paço de Arcos já que as condições existentes até à foz são muito boas para quem pedala. Daí seguimos até à cidade encantada de Sintra. Nada fácil chegar lá, uma vez que é sempre a subir até lá cima, mas valeu muito a pena! Percorrer as ruas de Sintra é quase como entrar num livro de histórias e lendas.
Notámos que a nossa passagem pelos lugares do litoral foi mais fugaz. Por uma questão de orçamento mas também pelo cansaço que se vinha a acumular. Ainda assim, quisemos manter-nos fiéis ao nosso plano e percorrer o máximo do litoral português. Seguimos então em direção à Ericeira, onde a boa onda dos surfistas domina a atmosfera, visitámos Peniche que é um verdadeiro paraíso geológico onde as pedras sopram ao ritmo das ondas do mar e fizemos ainda um pequeno desvio à vila medieval de Óbidos para provar a bela da ginjinha.
Mais a norte, subimos o funicular da Nazaré para irmos ao lugar das maiores ondas do mundo e fomos dar uns mergulhos na baía de S. Martinho do Porto.
Como não podíamos terminar a nossa viagem sem um dia de chuva, apanhámos uma molha daquelas num percurso que tinha tudo para ser fácil e proporcionar um dia agradável em modo passeio. Em vez disso fizemos toda a Estrada Atlântica num dia em que a chuva tomou conta. Ficamos um pouco desiludidos porque estávamos muito expectantes com este percurso que, apesar de tudo, nos pareceu muito bonito (quando conseguíamos ver alguma coisa por entre nevoeiro e nuvens) mas devido às condições atmosféricas não conseguimos tirar o melhor proveito desta que é a maior ciclovia do país.
A Estrada Atlântica levou-nos quase até à Figueira da Foz, onde fomos recebidos com muito carinho pelos nossos amigos do Coco Loco que nos proporcionaram dois dias incríveis junto à praia de Buarcos. A Figueira da Foz é conhecida pelas suas praias mas tem muito mais que visitar. Garantimos que uma visita a esta cidade o vai deixar maravilhado!
Continuámos para norte, desta vez em direção a Aveiro. Claro que não podíamos perder uma paragem para nos deliciarmos com os ovos moles e as castanhas de ovos que são dos nossos doces regionais de eleição, visitar a colorida Costa Nova e o Farol da Barra e aproveitar para uns passeios ao longo da belíssima ria onde os moliceiros flutuam de lá para cá.
Estávamos já próximos do final da nossa viagem mas todo o percurso, sempre junto ao mar, era de aproveitar. Passámos claro pela invicta cidade do Porto, pedalámos toda a foz do Rio Douro e continuámos sempre na linha da praia desde Vila do Conde até Fão onde as ruas já nos eram bem familiares.
E, como uma volta só é uma volta se terminar no ponto de início, a nossa última paragem foi exatamente o mesmo sítio onde começámos esta volta a Portugal: o Paço dos Condes de Barcelos.
A nossa viagem à volta de Portugal traduziu-se em 71 dias no total, dos quais passámos 47 a pedalar, tendo percorrido cerca de 2160km!
Nem sempre foi fácil e foi um desafio que nos orgulhamos de ter superado. Para além disso, tivemos a oportunidade de confirmar aquilo que já suspeitávamos: o nosso país é lindo e não conhecíamos nem metade. Apesar desta aventura tão completa, continuamos ainda com muito para descobrir.
O mapa da nossa volta a Portugal em bicicleta:
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