O ponto mais Ocidental da Europa é na ilha das Flores. Com o Corvo ao lado a ilha tem uma posição estratégica e foi muito relevante na época dos Descobrimentos.

Ilha das Flores
A Ilha das Flores tem ainda lugares excepcionais de beleza natural créditos: andarilho.pt

Na fase da navegação à vela as rotas de regresso à Europa, provenientes da Índia, África ou América, faziam nas Flores um ponto de passagem.

Museu das Flores
Lacticínios foram uma das poucas fontes de receita créditos: andarilho.pt

A ilha também foi vitima desta posição estratégica. Afirma Luís Vieira, diretor do Museu das Flores que quando imperava o tratado de Tordesilhas e o planeta estava dividido entre os impérios português e espanhol várias potencias marítimas, como por exemplo, ingleses, franceses e holandeses, saquearam a população e incendiaram igrejas nas Flores.

O Museu das Flores retrata alguns destes episódios e os momentos mais marcantes do povoamento das Flores. Aqui a chegada dos colonos foi mais tarde do que no restante arquipélago. É posterior a 1505.

Ilha das Flores
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O povoamento tardio tem forte explicação no pouco interesse que as Flores despertou. Longe de tudo, um território exíguo e cheio de mato.

Museu das Flores
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Os têxteis, a agricultura e a pecuária têm sido as atividades que permitiram a subsistência e que estão ilustradas no espólio do museu. “Temos uma coleção interessante de alfaias agrícolas, lacticínios e produção têxtil.”

Museu das Flores
Tecidos feitos em teares artesanais créditos: andarilho.pt

Até meados do século XX, o linho e a lã foram a base do vestuário da população. Há ainda objetos recuperados de naufrágios que ocorreram nas costas das Flores. Estão no núcleo dedicado à arqueologia subaquática. Pormenoriza Luís Vieira que “são mais de 40 os naufrágios registados nas ilhas do grupo Ocidental dos Açores. Este será um santuário de arqueologia subaquática a nível mundial.”

Museu das Flores
Vitral do Slavonia créditos: andarilho.pt

Um deles foi o RMS Slavonia, um paquete britânico da Cunard, uma das maiores empresas de navegação e que agora está a 15 metros de profundidade depois de ter embatido nas rochas durante uma noite de nevoeiro

Museu das Flores
Lavatório do Slavonia créditos: andarilho.pt

Naufragou em 1909 numa viagem entre Nova Iorque e a Europa. Com o fim da escravatura dos EUA recorriam à mão de obra barata do Sul da Europa. O paquete levava gente a partir de Trieste, na Itália. No sentido contrário vinham os americanos abonados para descobrir a Europa.

Museu das Flores
Óculo do Slavonia créditos: andarilho.pt

No Museu podemos ver algumas peças do Slavonia, por exemplo, um louceiro, lanternas, lavatórios e um óculo.

As Flores foram ainda ponto de passagem de muitos outros barcos e lugar de reabastecimento das embarcações de pesca à baleia.

Fábrica da Baleia do Boqueirão
Fábrica da baleia do Boqueirão créditos: andarilho.pt

A partir do século XVIII, as baleeiras americanas abasteciam-se e complementavam a tripulação levando clandestinamente muita gente. Começou aqui de forma intensa um dos problemas mais graves das Flores – “a nossa queda demográfica a partir de 1864 é enorme e hoje atinge proporções assustadoras”.

Ilha das Flores
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Luís Vieira diz que o Museu retrata a emigração e também alguns dos efeitos que causou, por exemplo, na agricultura das Flores.

Museu das Flores
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O envio para a ilha de uma série de utensílios, essencialmente agrícolas e que acabaram por ter grande aceitação como é o caso do sacho que é proveniente dos campos de algodão dos Sul dos EUA.

Museu das Flores
Grafonola dos EUA créditos: andarilho.pt

Uma referência final ao Convento de São Boaventura onde está localizado o Museu, o que, só por si, já justifica uma visita. É um prédio amarelo e branco, com sinos e a cruz no alto da fachada. Rapidamente se percebe porque é um dos mais imponentes de Santa Cruz das Flores.

Museu das Flores
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A história do edifício é um exemplo da adversidade do povoamento da ilha. A primeira pedra foi lançada em 1641 mas em 1728 ainda há noticia de estar em obras. Houve derrocadas devido à pobreza dos materiais.

No meio de um ambiente de pobreza e até de luta pela sobrevivência foi um feito conseguir no meio do Atlântico construir um edifício com estes efeitos decorativos.

Museu das Flores
Retábulo da igreja do Convento créditos: andarilho.pt

É em pedra, tem um claustro e ressalva-se na igreja os retábulos que são de estilo barroco com profusão de talha dourada. O teto é em madeira de cedro, uma planta autóctone, e está pintado com motivos vegetativos e com cores vivas, um estilo classificado como grotesco.

Museu das Flores
Luis Vieira, director do Museu das Flores créditos: andarilho.pt

As histórias da História da ilha no Museu das Flores faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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