Almeida fica numa zona plana e só se tem uma percepção clara da vila quando nos aproximamos da praça-forte.
As elevações, os canhões, o enorme fosso remetem-nos de imediato para a ideia de que estamos perante algo imponente.
Essa ideia transforma-se em certeza quando paramos em frente da Porta de S. Francisco ou da Cruz. A robustez da pedra, a arte do brasão logo acima da entrada para o túnel, o efeito do picotado nas pedras e nas colunas e o ar frio do granito da vigia que está no vértice da estrutura fazem da porta um dos ícones da fortaleza. Uma primeira impressão fiel ao que vamos encontrar no interior.
O túnel tem alguns metros de comprimento e uma ligeira curva. É inteligente para uma estrutura defensiva e eficaz também na actualidade porque funciona como uma cortina no tempo. Passar para o interior é ir ao encontro de quase quatro séculos de história.
As ruas e os espaços mais largos mantêm uma organização antiga. Muitas casas preservam a estrutura original com uma porta para o primeiro piso de habitação e a porta maior para a loja de comércio ou do artesão.
A arquitectura civil mantém-se fiel, não sofreu grandes alterações e ajuda a recriar o imaginário de se viver no interior de uma fortaleza secular.
O que mais impressiona é a arquitectura militar. Em alguns casos de forma surpreendente. Dos vários exemplos possíveis, refiro o do actual Museu Histórico Militar. Fica no Baluarte de S. João de Deus, numa das pontas da estrela e antes servia de caserna, com vinte casas subterrâneas.
Visitar este espaço interior é muito interessante mas o que mais impressiona é andar na muralha e ver os tectos de pedra – pedaços enormes – do Baluarte onde estão as casas subterrâneas.
Se o passeio na muralha for ao final de um dia de sol acresce a beleza do reflexo dourado da luz nas pedras. Das muralhas temos também uma vista diferente do casario e vale a pena percorrer o tecto da porta de S. Francisco. Temos uma noção mais concreta da extensão do Quartel das Esquadras.
Outra área interessante de andar a pé é nas muralhas entre o Picadeiro e as ruínas do castelo. Temos uma vista mais ampla da região e da fortaleza, em particular do extremo onde está o Centro de Estudos de Arquitectura Militar.
As ruínas do castelo projectam uma outra sensação: de como teria sido violenta a explosão do paiol em 1810, quando da terceira invasão francesa. A explosão destruiu o castelo e esteve na origem da rendição aos invasores.
A torre que agora sobressai é a do relógio e que estava associada à desaparecida Igreja Matriz.
Almeida tem também uma Casa da Roda. Era onde as mães depositavam os recém-nascidos porque não podiam ou não queriam ficar com eles. Como era habitual esta casa está num sitio muito discreto.
Aqui encontra mais elementos informativos sobre a história de Almeida.
No Aqui Há Beira encontra informação sobre actividades culturais e eventos na vila e no concelho de Almeida.
Almeida – a fortaleza do tempo faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Almeida – a fortaleza do tempo, pode ouvir aqui
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