Uma esplanada dá as boas-vindas, mas o deslumbramento é quando entramos.
A revelação de espanto é feita por muita gente. Conta Domingos Pires que, “por exemplo, arquitetos novos ficam encantados e curiosos. Registam em fotografias.”
O interior da Belar tem espaços que se encontram em diferentes níveis, como se fossem áreas reservadas ou distintas. Uma escada acompanha uma parede coberta de azulejos amarelos e leva-nos ao mezanino. No salão temos outras escadas, ligeiras, para descer para o bar.
Candeeiros redondos e candelabros espalham uma luz suave e fazem sobressair um espaço com gosto, cuidado e coerente com o estilo moderno.
O arquiteto foi Joaquim Vasconcelos Sampaio, do Porto, que teve uma forte relação profissional com Fernando Távora, um dos nomes grandes da arquitetura portuguesa.
Domingos Pires é proprietário da sociedade que explora o espaço comercial e, em 2018, avançou com obras de restauro com a preocupação de o manter fiel à origem. “A reabilitação teve o acompanhamento permanente de dois arquitetos.”
Alguns dos candeeiros foram fabricados especialmente para a Belar, exatamente com o propósito de manter a matriz original.
“Preserva completamente a traça arquitetónica que tinha em 1964. Restauramos as paredes, as madeiras e acrescentámos o ar condicionado e o sistema audiovisual que funcionam de forma muito discreta. O sofá em pele tem uma estrutura igual à que já existia. A zona do bar e o mezanino também mantém as características da época. Podemos dizer que é um espaço igual ao de 1964.”
Um outro pormenor que está preservado é o teto da galeria exterior, onde se encontra a esplanada. Um jogo de madeira corrida escura e de placas brancas de iluminação produzem um efeito surpreendente, “representa a ideia de um piano”.
Na altura da minha visita, ao final da tarde de um dia de calor, os clientes preferiam a esplanada. Alguns tinham alguma idade e são clientes antigos. “Vêm pela lembrança que o espaço suscita. Passaram aqui parte da sua juventude. De certa forma, apropriaram-se do espaço devido ao tempo que aqui passaram quando eram novos.”
A Belar surgiu em Castelo Branco com a aposta em pastelaria de qualidade. Domingos Pires também avançou com confeção própria, mas reconhece que os clientes valorizam mais o ritual do café do que o do chá das 5 com um bolo. “Vêm grupos de manhã. Gostam de cumprir o ritual do café. Para parte da pastelaria não diria a mesma coisa.”
Um outro sinal da mudança de rotinas e de consumo é o bar com uma procura muito reduzida. “Nas décadas de 70 e 80 sim. A casa enchia porque não havia uma pastelaria em cada vão de esquina nem sequer supermercados na avenida.”
Uma situação comum a muitos cafés e pastelarias. Mas, na verdade, poucas têm uma decoração interior tão interessante e única como a da pastelaria Belar.
A beleza da arquitetura da Pastelaria Belar em Castelo Branco faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Comentários