1. Como/quando começou o “bichinho” das viagens?

O bichinho das viagens apareceu bem cedo. Sempre fui uma miúda muito curiosa e muito atenta a tudo o que me rodeava, por isso, sempre gostei muito de passear. Quando tinha 4 anos vivi uns meses em Londres, a minha mãe teve um problema de saúde e foi para lá para fazer um tratamento. Ouve-se muito que não faz sentido viajar com crianças uma vez que elas não se vão lembrar, mas não concordo nada com isso! Apesar de ser tão pequenina, e por incrível que pareça, ainda tenho várias memórias dessa altura, episódios que fui avivando com fotografias e com a repetição da história contada pela minha mãe. Tenho a certeza que alguns traços vêm desse tempo. Como Londres é uma cidade tão multicultural, aprendi a olhar a diferença com igualdade.

Foram muito poucas as viagens para fora até à idade adulta, mas com uns 15/16 anos ia sozinha para as agências de viagem pedir orçamentos para vários destinos, chegava a casa e mostrava aos meus pais. Agora, lembrando isso, acho imensa piada! Comecei a perceber quais os lugares mais populares e até tinha uma lista de sítios que queria conhecer. Adorava um dia encontrá-la, estará algures num caderno lá por casa, mas recordo-me de fazer a conta e precisava de mais de cinquenta anos, cumprindo dois por ano, para a realizar. Já era ambiciosa...

Numa dessas tentativas de convencer os meus pais a fazer uma viagem “a sério”, tive sucesso. Fomos à República Dominicana, em 2009, e ao Egito, em 2011. Foi nesta última que tive o meu primeiro choque cultural e que se fez o grande e verdadeiro clique. Para começar, foi cedo que percebi que queria ser jornalista, desenhei todo o meu trajeto para que assim fosse, e a terra dos faraós trouxe-me algo fundamental para cimentar a minha vontade: se queria falar do mundo tinha de o conhecer, tal como ele é. Percebi aqui que vivemos dentro de uma bolha e eu precisava de sair da minha e ver outros mundos.

Podia dizer que a partir daqui nunca mais parei, mas não foi assim... Quando entrei no ensino superior decidi que queria ganhar o meu próprio dinheiro para viajar. Um dos meus grandes sonhos na altura era fazer um Interrail, então fui juntando dinheiro e concretizei-o no final da licenciatura. Depois disso, nunca mais parei!

2. Além de viajar, gosta muito de…

De falar! Sou uma comunicadora nata e se me dão corda é difícil manter-me calada. Gosto muito de contar as minhas histórias, mas gosto de igual forma de ouvir as dos outros. Nos tempos livres gosto muito de escrever, que também o faço para o meu blogue, ver séries e cozinhar.

3. Quantos países já visitou?

40, em quatro continentes. A larga maioria deles mais do que uma vez. Não me importo absolutamente nada de repetir destinos, até porque cada viagem é uma viagem e uma experiência completamente diferente.

4. Viagens mais marcantes e porquê?

Já falei em duas delas que foram muito especiais: a ida ao Egito pela marca que deixou, talvez ter 18 anos e um olhar muito inocente me tenha feito viver tudo de forma mais intensa; e o Interrail por considerar que foi a viagem responsável por “moldar” a viajante que hoje sou - prática, descomplicada e low cost!

A par destas poderia destacar imensas, cada uma por razões muito específicas, mas terei de incluir a Tailândia no top. Começou muito mal, mas acabou comigo em lágrimas por não querer vir embora. Naquele momento da minha vida a Tailândia deu-me a paz que precisava.

Neste leque de viagens marcantes também se incluem as minhas viagens de grupo! Já vivi momentos extraordinários com muitos dos meus aventureiros (como lhes chamo), incluindo algumas das melhores experiências que tive até hoje. Estas viagens são muito especiais e singulares, são aquelas que realmente não consigo traduzir em palavras. É o verdadeiro significado de ir com desconhecidos e voltar com um grupo de amigos! Andar de balão na Capadócia, estar deitada na neve a olhar para auroras boreais na Lapónia, dançar à volta de uma fogueira no deserto do Sahara, são apenas escassos exemplos de algo que é completamente impagável. A partilha destes momentos é única e inesquecível.

5. Destino que quer regressar e porquê?

Volto a qualquer um com muita facilidade! Na verdade, o difícil é voltar de algum sítio e não querer lá regressar. A curto prazo estava a Tailândia, que vai acontecer muito mais cedo do que eu imaginava, é já no final de maio, precisamente um ano depois da primeira vez. Vou levar um grupo comigo e estou muito feliz por isso! Quando gosto de um destino de uma forma especial digo para mim mesma que tenho de lá voltar e levar aventureiros, há coisas que não posso viver sozinha, tenho de levar outros a viver o que eu vivo e a sentir o que eu sinto.

Outro sítio que quero muito regressar, mas certamente levará mais tempo, é a Porto Rico. Fiz uma breve passagem por San Juan, durante um cruzeiro nas Caraíbas, e fiquei completamente fascinada. Vou mesmo ter de voltar para explorar toda a ilha!

6. Próximos destinos e expectativas.

Os próximos tempos, felizmente, são recheados! Ainda neste mês de março parto para a Lapónia Finlandesa e depois para Marrocos. A Tailândia será no final de maio e antes disso certamente haverá outra viagem, mas ainda estou a alinhar o destino.

Estou com grandes expectativas para este ano. Ainda tenho vários destinos de grupo por revelar e a título pessoal deixo-me levar pelas oportunidades que vão aparecendo, sendo que o olho está muito virado para os países do Médio Oriente.

7. Dica de viagem mais valiosa que pode dar.

Pesquisar, pesquisar e pesquisar. Estar a par dos valores praticados é meio caminho andado para poupar dinheiro e perceber quando é que a oportunidade é boa. Ter flexibilidade é fator-chave, mas isso, infelizmente, nem toda a gente tem. Fora isso, é traçar uma viagem como um objetivo e concretizar. Conhecer o mundo é a melhor forma de aprendizagem que existe.

8. Lugar preferido em Portugal.

A minha Serra da Estrela, nem podia ser outro! Sou da Covilhã e sou muito grata pelas raízes que tenho. É um privilégio enorme poder chamar a estas montanhas de casa. A maioria vai lá na altura de inverno por causa da neve, mas nem imaginam que a maior beleza está nas outras estações, que é quando se aproveita melhor cada recanto. É um sítio puro, de paz, tranquilidade e harmonia. Deixo aqui o convite para lhe fazerem uma visita. Vão ver que tenho razão!