Chegar a Macau, oficialmente conhecido como Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China, foi uma experiência surreal. Imaginam porquê? Desde logo porque assim que cheguei ao aeroporto o meu cérebro teve de adaptar-se à ideia de que, apesar de estar na China e de não falar uma única palavra de cantonês ou mandarim, eu conseguia perceber tudo o que estava escrito nas placas e nos avisos afixados nas paredes do aeroporto. Teria sido tomada pelo espírito santo e começado, milagrosamente, a ler chinês? Claro que não!
A razão de eu compreender tudo era muito simples. Quando Macau foi entregue à China ficou acordado que o português se manteria como uma das línguas oficiais por isso todas as placas de sinalização estão escritas também na nossa língua e isso é absolutamente fantástico!
Administrada por Portugal durante mais de 400 anos, Macau é considerada simultaneamente o primeiro entreposto comercial e a última colónia europeia na Ásia, por isso não é de admirar que a nossa influência se sinta um pouco por todo o lado: as ruas têm placas escritas em português, há muitos restaurantes de comida tradicional portuguesa e até o pastel de nata está presente em cada esquina.
O centro histórico principalmente, está repleto de edifícios e lugares onde predomina (e brilha) a arquitetura de inspiração portuguesa. O melhor exemplo são as famosas Ruínas de São Paulo, mas toda a cidade velha, classificada como Património Mundial pela UNESCO, é, no seu conjunto, lindíssima e recorda imenso Portugal. Há o mercado, as igrejas, os edifícios de fachadas coloridas, a calçada, os azulejos...
É verdade que Macau atualmente é mais conhecido pelos seus casinos e hotéis extravagantes, mas não devemos esquecer que este pequeno território tem muito mais para oferecer.
Gostei especialmente de visitar a Fortaleza do Monte, com vistas magníficas, localizada no topo da cidade. É hoje um monumento histórico que simboliza o passado marítimo, militar e missionário português. Mais importante mesmo, só as Ruínas de São Paulo — o "monumento" a visitar quando estás em Macau!
As ruínas da antiga Igreja da Madre de Deus e do adjacente Colégio de São Paulo são um importante complexo do século XVI destruído por um incêndio em 1835. Este conjunto, identificado como a "Acrópole de Macau", é, juntamente com a Fortaleza do Monte, obra dos missionários jesuítas.
Infelizmente, hoje tudo o que resta da maior e da mais bela das igrejas de Macau é a imponente fachada de granito e a escadaria monumental de 68 degraus. Também não restou muito do Colégio, apenas algumas peças que sobreviveram ao incêndio e encontram-se agora expostas num pequeno museu de Arte Sacra.
Outro ponto de interesse em Macau é o Templo de A-Má, que se localiza à entrada do Porto Interior (no extremo-sul da Península de Macau), a meio da encosta poente da Colina da Barra. Este templo já existia antes da própria Cidade de Macau ter nascido. Especula-se que o templo foi construído pelos pescadores chineses residentes em Macau no séc. XV para homenagear e adorar a Deusa A-Má (Deusa do Céu).
No centro histórico, Património Mundial da UNESCO, todos os locais de interesse são muito próximos uns dos outros por isso cerca de duas horas chegam para visitar a velha cidade. Esta área pode ser facilmente percorrida a pé, e o passeio é bastante agradável e bem sinalizado.
É interessante saber que Macau é composta essencialmente por três partes: a Península (Centro Histórico), Taipa e Coloane.
Taipa é a zona onde encontramos a maioria dos hotéis-casino, como o Venetian e o MGM. É uma espécie de Las Vegas do Oriente, que durante a noite se ilumina e mostra todo o seu esplendor, luxo e extravagância. Para além do jogo, os casinos oferecem também bons restaurantes, lojas e grandiosos espetáculos musicais.
Tenho de confessar que nos dois dias que passei em Macau almocei sempre num restaurante português, não que eu não goste de experimentar a comida local quando viajo para o estrangeiro mas depois de semana e meia a viajar pela China, um belo bacalhau com natas soube tão bem!
Em suma, adorei visitar Macau e ver este lugar especial onde a tradição portuguesa se funde com a chinesa. É uma viagem imperdível!
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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World
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