Annecy, situada no leste de França, encontra-se aproximadamente a cerca de 35 quilómetros a sul de Genebra (Suíça) e a cerca de 150 quilómetros a leste de Lyon. Esta localidade é abraçada pelos majestosos Alpes Franceses, proporcionando um cenário idílico banhado pela luz azul cristalina do lago homónimo. A cidade é atravessada pelo Rio Thiou, considerado o "rio mais curto de França", e pelo canal de Savières, que conecta o Lago Annecy ao Rio Ródano.
O dia começou com uma breve caminhada do hotel até a estação de autocarros em Lyon. Às sete da manhã, embarcamos com destino a Annecy. Entre momentos de sonolência e olhares fugazes pela janela, percebemos que as vistas seriam espetaculares. Há algo nas montanhas que me atrai e os Alpes sempre estiveram na minha lista de lugares a visitar (um dia voltarei, é certo). Chegar ao centro de Annecy é como deixar para trás o ambiente citadino francês e entrar na calma rural e histórica característica desta cordilheira montanhosa.
A primeira missão da curta visita foi encontrar um lugar para tomar o pequeno-almoço. Se estivéssemos em Portugal, bastava virar a esquina e teríamos um café à nossa frente para desfrutar de uma incrível torrada acompanhada por um café. Porém, no estrangeiro as coisas não são tão simples, mas tínhamos uma opção escondida na manga: o Paul, uma cadeia de cafés que descobrimos em Bruxelas e que se tornou um hábito nas nossas breves visitas a países francófonos. Nunca decepciona e a qualidade é incrível!
Ao sair do Paul, deparamo-nos com o mercado municipal que ocupa todas as ruas do centro histórico durante três dias da semana (terças, sextas e domingos). É nesse mercado que sentimos que podemos vivenciar a verdadeira essência de uma cidade. Percorrer os seus corredores e experimentar a diversidade de aromas e cores diz muito sobre as pessoas que habitam esses lugares. É um ambiente incrível para capturar belas fotografias de retratos. O mercado é um ótimo lugar para adquirir ingredientes locais ou simplesmente passear e absorver a sua atmosfera vibrante.
Aproveitámos a visita ao mercado para usar as intricadas ruas como guia para o lago, no entanto aproveitámos para observar o que estava a ser vendido: incensos, temperos, fragrâncias, legumes; basta perguntar e provavelmente encontraremos o que queremos. Não podemos deixar de reparar na presença de símbolos alusivos à Suíça. De facto, foi aqui que começamos a notar a presença de mais bandeiras suíças do que francesas! A própria cidade dá a sensação de pertencer mais ao outro lado da fronteira, o que pode ser explicado pela História de Annecy.
Gosto de coleccionar fotografias que retratam as cidades que visito, de forma a poder imprimir e ter uma recordação tangível. Apesar de preferir estar no meio da serra ou numa floresta rodeado por carvalhos ou pinheiros, as ruas estreitas e sinuosas dos centros históricos das cidades dão-me cenários idílicos que também são dignos de guardar em postal. Os contrastes de cores são o ponto forte desta fotografia e ao contrário das cores mais tranquilas da fotografia que exploro mais à frente, esta transmite-nos uma sensação de melancolia: parecem as fases opostas da mesma moeda. Contrabalançar as cores foi um verdadeiro desafio, sendo que o vermelho nos remete para as sensações de estarmos numa cidade suíça. Na verdade, se olharmos com atenção, conseguimos ver a bandeira suíça retratada no placar ao lado de um restaurante italiano. No centro da imagem temos a Lena, autora do blog proximArte.
O primeiro destino era o Lac d'Annecy (Lago Annecy), conhecido como a "La Perle des Alpes” (Pérola dos Alpes). Arrisco-me a dizer que esse é o ponto central da cidade, o lugar para onde todos querem ir e ver. A água cristalina e límpida reflete a intensa luz do sol, criando uma atmosfera semelhante àquela que sentimos quando estamos na neve num dia ensolarado — tudo brilha. O lago apresentou-se como uma visão idílica, algo que nunca havia presenciado antes. É um momento com o factor "uau". Poucas vezes sinto esta emoção, mas normalmente ela está associada a paisagens de montanha. Descrever a grandiosidade desse lugar em poucas palavras ou numa simples fotografia é uma tarefa difícil, parece que nos falta algo.
A vontade mais imediata era de entrar num carro e seguir em direção às montanhas que se encontram ao fundo, mas temos de ser realistas e contentarmo-nos com o que temos, que mesmo assim é muito e proporciona fotografias incríveis. Num curto passeio pela margem podemos fotografar paisagens, pessoas e a vida selvagem, a que chamou mais a minha atenção, não fosse eu um amante de birdwatching adormecido. Não é todos os dias que temos a oportunidade de ver mergulhões-de-crista a poucos metros de distância, ainda mais quando estão a carregar as suas crias às costas. Um dia, o Lago Annecy será o ponto de partida para uma viagem aos Alpes.
Chegou a hora do almoço e a busca por um fondue barato mostrou-se uma tarefa impossível, então decidimos parar num restaurante que tinha uma boa apresentação. Mas, esquecemo-nos que só em Portugal é que é comum encontrar opções de meia dose ou dose e acabámos a pagar 24 euros por pessoa (e a refeição nem era das melhores).
O dia ensolarado deu lugar a uma chuva intermitente que era fraca o suficiente para não nos impedir de caminhar. Se os moradores locais não se importam, nós também não! A chuva criou uma atmosfera diferente e a calçada molhada acompanhou-nos durante a volta pelas ruas, com ocasionais paragens nas “típicas” lojas de souvenirs. Sem muito mais para ver, decidimos fazer uma caminhada pelas margens do lago e observar a vida selvagem.
Uma última recomendação: comer um gelado na famosa Glacier des Alpes.
No final do dia, deixamos Annecy com a sensação de que ainda há muito mais para descobrir na pérola dos Alpes, e a certeza de que voltaremos um dia para explorar seus encantos novamente.
Podem seguir as caminhadas e experiências fotográficas do Guilherme no seu blog, Raw Traveller, onde uma versão deste artigo foi publicada originalmente, e no instagram.
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