Os comboios e as estações são objectos fotográficos que captam o meu olhar. Na verdade, as estações são um ponto de partida/chegada para as minhas aventuras de fotografia de natureza. Uma delas, é a Estação de São Bento, no centro histórico do Porto.
A história da estação começa no século XIX com a industrialização da cidade, sendo mandada edificar pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses no local do Convento de São Bento da Ave-Maria. Logo à entrada, somos presenteados por uma sala de espera revestida por painéis de azulejos que contam histórias e vivências de Portugal: desde cenas de batalhas ou atividades rurais, até motivos religiosos ou pagãos. A estação apresenta algumas semelhanças com Gare du Nord ou Gare d’Orsay, sendo que uma das características mais proeminentes é a grande cúpula central. Esta apresenta formas curvilíneas e elegantes e pode ser vista a partir de diversos pontos da cidade. A fachada é caracterizada por uma composição simétrica e equilibrada, com uma estrutura sólida de pedra e granito.
Trinta minutos foi o tempo que concedi para a poder fotografar: um desafio algo contraditório para quem quer criar boas fotografias. É preciso tempo para produzir algo único e visualmente cativante, mas a estação de comboios é algo frequente nas minhas visitas ao Porto, por isso não custa tentar algo diferente.
Outro grande desafio foi o controlo da luz: em algumas zonas da estação temos luz directa que cria enormes sombras e cenas demasiado “pesadas”; noutras zonas temos luz indirecta, refletida pelo telhado; noutras, temos uma luz artificial difícil de trabalhar. No entanto, o tom escuro e por vezes monocromático da estação vai de encontro ao meu estilo de edição mais saturada, escura e com contraste. Este aspecto monocromático e industrial só é interrompido quando as pessoas entram/saem dos comboios e estes partem para o seu destino.
Não foi fácil captar a plataforma segundos antes das pessoas saírem do comboio que chegava da Régua!
À medida que as portas se abrem, uma multidão de passageiros aglomera-se na plataforma, ansiosos para explorar os diversos recantos da cidade. Há um alvoroço de pessoas a correr. A chegada de um comboio é um evento efervescente, cheio de energia e emoção, um momento em que diversas histórias se cruzam. A algazarra cria uma atmosfera única, repleta de expectativa e uma sensação palpável de movimento e conexão humana.
Por outro lado, a partida de um comboio da Estação de São Bento é um momento de transição, marcado por um misto de tristeza e animação. É um momento em que pessoas se separam, deixam para trás lugares e rostos familiares, enquanto se dirigem para novas aventuras e encontros. A algazarra da partida evoca um sentimento de despedida e recomeço que deixa uma atmosfera de expectativa no ar. À medida que o comboio se afasta da estação, o barulho desvanece-se e dá lugar ao silêncio momentâneo.
Também podem seguir os desafios fotográficos do Guilherme no seu blog, Raw Traveller, e no instagram.
Comentários