Este facto do país não estar tão explorado turisticamente, faz dele um destino único e inexplicável. Foi de todos, o meu favorito. O Myanmar está aberto ao turismo há relativamente pouco tempo o que faz com que seja muito genuíno e uma viagem ao passado. Um exemplo: os birmaneses ainda usam vacas como meio de locomoção.

Mudar do caos indiano para a pacificidade de Mandalay foi um choque. Não sabia o que esperar do país, mas não contava que fosse passar do 80 para o 8. O caminho do aeroporto para Mandalay é quase desértico e poucos carros passaram por nós. É logo aqui que me deparo com algo que os birmaneses têm de único na sua cultura e ainda não se perdeu. Eles pintam a cara com uma espécie de argila amarela para se protegerem do sol (segundo teorias que ouvi). É algo que não se encontra em mais nenhuma parte do mundo. "Os homens andam de saia?", questiono-me. Não sabia que os homens no Myanmar usam Longyi, uma veste tradicional que é basicamente um pano atado à cinta de uma maneira muito específica.

Sentir o gosto da liberdade sempre a sorrir no Myanmar
Kuthodaw Pagoda em Mandalay créditos: While You Stay Home

Andar nas ruas de Mandalay é um sossego. Depois de apitos a todos os segundos e pessoas a tentar vender-me passeios de tuk-tuk de minuto a minuto, Mandalay parece-me o sítio mais calmo do mundo. Posso parar na rua para fazer o que quiser, posso andar à vontade e olhar, não sou observada nem olhada de lado, na realidade, parece que ninguém quer saber de mim. Foi tão, mas tão bom! Aqui podes fazer o teu percurso à vontade, analisar mapas sem ser interrompido ou abordado. Pode parecer uma coisa básica, mas depois da Índia era mesmo disto que estava a precisar. Myanmar é muito calmo e pacífico. Apenas Yangon é mais agitado.

Mandalay
Palácio Real em Mandalay créditos: While You Stay Home

Esta foi uma das coisas que mais gostei no país. Penso que foi aqui que me senti o mais perto de “liberdade” possível. Foi logo na primeira hora neste país que soube que ia encontrar um sítio calmo e relaxante. O Myanmar tocou-me de uma maneira que não sei exteriorizar por palavras. As pessoas olham-te com um sorriso na cara, um sorriso genuíno, o sorriso mais genuíno de sempre. Não consigo deixar de esboçar um sorriso sempre que penso neste país. Na verdade acho que passei o tempo quase todo com um sorriso na cara.

Consegues sentir-te realmente feliz aqui. As pessoas são muito acolhedoras e simpáticas. Lembro-me de andar de bicicleta pelas ruas do país e de ser congratulada com um “Mingalarbar” por muitos birmaneses. Estão a desejar-te coisas boas. E lá vou eu, caminho afora dizendo “Mingalarbar” a cada pessoa que vejo. Isto foi em Bagan.

Bagan
Bagan créditos: While You Stay Home

Para além de Bagan, também explorei Mandalay de bicicleta e descobri que adoro fazê-lo. Explorei a cidade toda com esta companheira durante 4 dias. As dores físicas já nem sobressaiam no meio da felicidade que é explorar aquele território sozinha no meio dos birmaneses. Poucos foram os turistas pelos quais passei de bicicleta. Penso que isto também te ajuda a viver o Myanmar de outra maneira: és tu e os birmaneses e realmente este contacto é muito bom.

Mas, acima de tudo, o Myanmar ensina-te a ser uma pessoa melhor, mais humana e atenta aos outros já que na Europa parecemos mais apáticos. Ver como eles são tão felizes com tão pouco é extraordinário e é uma lição de vida.

Por Paula Carvalho, autora do blogue While You Stay Home