A Polinésia não é particularmente conhecida no panorama mundial de exportações mas esta é, logo após o turismo, a indústria mais relevante destas ilhas. Exportam-se as tradicionais “pérolas negras”, peixe, baunilha, frutas e diversos óleos como o de Monoi, reforçando a indústria alimentar, têxtil e cosmética.
De montanhas robustas e cumes épicos, dignos dos filmes de Jurassic Park, as actividades em Moorea (para quem não gosta de passar o dia na praia) dirigem-se para os trilhos que serpenteiam a ilha, com diferentes distâncias e graus de dificuldade e que levam a miradouros, cascatas, cumes e descampados.
Com a estadia a aproximar-se do final, é tempo de me aventurar pela floresta na tentativa de conhecer o menos óbvio. Calçados os ténis ainda húmidos da última tentativa, o carro alugado começa a fraquejar assim que o terreno se torna irregular. Olho exasperada para um e outro jipe que cruzam o caminho e que teriam tornado esta viagem bem mais fácil (e cara), mas as pedras, lama e poças de água acabam por obrigar-me a deixar “o amarelinho baixinho” à beira da estrada.
Pelo Google Maps é fácil de ver que estamos próximos de um dos locais recomendados, a rota dos ananases. Na minha cabeça tinha inicialmente feito a imagem de uma pequena encosta sobre o mar, com uma casa a marcar a entrada e uns sumos à varanda, mas não poderia estar mais enganada - após algumas dezenas de metros a pé, revela-se escondido pela curva um enorme campo de ananases.
Olho maravilhada para todos os lados, sem ver nada nem ninguém. O campo é mágico e não há cercas, embora os espinhos das folhas e dos próprios ananases arranhem a pele a cada movimento.
Embrenho-me cada vez mais na plantação, descobrindo finalmente alguns caminhos mais delineados que permitem avançar com o mínimo conforto por entre aquele que é, sem qualquer dúvida, um dos lugares mais bonitos que já vi em toda a minha vida - a toda a volta as montanhas rasgam os céus, tão irregulares quanto o chão, selvagens e aguerridas como se tivessem “nascido” ontem.
Adiante, os lindíssimos 900 metros do Monte Rotui quase que obrigam a uma vénia, enquanto atrás uma parede de granito e floresta fecham o enquadramento. As nuvens vão passando e tornando o cenário cada vez mais místico, e nem a chuva assusta quem observa, misturando-se ao invés e discretamente com lágrimas e a voz toldadas pela emoção.
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