A barreira de coral protege a zona de Tipaniers, tornando-a calma e segura, enquanto adultos e crianças desfrutam destes dias por entre brincadeiras na água, passeios de kayak, snorkelling e paddle. As areias são brancas e as águas pouco profundas, sem ondas, pelo que avanço umas largas dezenas de metros em frente sempre com a água ao nível do joelho. A clareza é tal que observo sem esforço dezenas de peixes, assim como tubarões de ponta negra (considerados pouco agressivos) e até uma raia. Do meio da lagoa, a vista sobre Moorea é inacreditável.

O sol abre ligeiramente e convida a um passeio de carro depois do almoço. Por entre curvas e contra-curvas, as baías de Opunohu e de Cook são das mais bonitas que alguma vez vi na vida - uma combinação perfeita de águas límpidas, vegetação frondosa e penhascos dramáticos, a natureza a ultrapassar as capacidades dos melhores cenógrafos de Hollywood. Percorrer a ilha é fácil, com a volta completa a poder ser feita em menos de duas horas (embora nem 200 chegassem para admirar tamanha beleza).

Contrariamente a Taiti, em Moorea encontramos já alguns cafés, restaurantes e esplanadas de praia. A apenas 17 quilómetros de distância, a diferença entre ilhas é atroz, seja na oferta seja na forma como se vive, como se aproveita o espaço e o enquadramento. Com produtos e serviços globalmente caros, a maior parte dos polinésios “sobrevive” em vez de viver - e isso reflecte-se na ausência de infra-estruturas de lazer para uso do cidadão comum. Fico com a sensação de que os taitianos não terão possibilidades económicas de desfrutar de qualquer vida pós-laboral e, assim, podemos pensar que em Taiti se vive no limbo entre o paraíso ali tão perto e o inferno de um custo de vida extremamente elevado que não consegue ser acompanhado pelos ordenados locais. Escapadinhas e fins-de-semana em Moorea? Para (muito) poucos, certamente.

Cai o dia com céus rosados e os turistas começam a juntar-se no pontão da praia, esperando o pôr-do-sol que desce por entre os dois ilhéus adjacentes. Este é um momento quase cerimonial - há silêncio e contemplação, há brindes com copos de cerveja ou cocktails, mãos dadas e risos das crianças. A lua começa a brilhar ao longe, num C que significa realmente “crescente”, algo que só podemos encontrar no hemisfério sul. A escuridão intensifica-se e só se distinguem os contornos das montanhas, virgens de pessoas. As poucas luzes que se vêem pertencem à orla da praia - uma imagem cada vez mais rara de encontrar de tão pura que é - e de agora em diante apenas três sons acompanham a noite: o bater das águas (com as ondas ao fundo a rebentar junto da barreira de coral), o chilrear das aves e o cantar dos galos madrugada fora.

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