Os produtos estão normalmente marcados, escolhe-se o que se quer levar e coloca-se o dinheiro numa caixa. Muitas vezes a caixa até está aberta para que o cliente possa fazer o troco… É um ato de fé na humanidade.
Nos campos é muito frequente ver abóboras com o preço marcado, campos de flores com o preço por flor, pequenas barracas com ovos, queijo, mel, cidra e todos os legumes imagináveis e, tudo isto, repito, sem ninguém a vigiar e dependente apenas da confiança do vendedor de que o cliente vai ser honesto e pagar o preço marcado. Isto não existe em mais lado nenhum no mundo, pelo menos numa escala destas, e é de uma beleza poética esta quase certeza de que um estranho fará o que é certo, mesmo quando ninguém está a ver.
Dizem que estas lojas surgiram nas aldeias de montanha porque todos se conheciam e confiavam uns nos outros. Com o trabalho no campo e nas pastagens a ocupar grande parte do dia não havia tempo para estar numa lojinha ou quinta todo o dia a vender… Quando se vive na montanha, em condições meteorológicas muitas vezes agrestes e com o isolamento e difícil acesso aos vales, a confiança e entreajuda dos vizinhos pode ser a chave para a sobrevivência. E apesar de as coisas entretanto terem mudado, e os acessos serem mais fáceis, as lojinhas da honestidade continuam um pouco por todo o lado. Aliás, a mais antiga da Europa continua aberta na aldeia de Gimmelwald, nos Alpes suiços.
As nossas favoritas são as quintas de morangos e as cerejeiras onde apanhamos nós os morangos ou as cerejas, pesamos e pagamos sem qualquer presença ou intervenção dos donos da quinta.
Acham que era uma boa ideia para implementar em Portugal?
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Artigo originalmente publicado no blogue Mundo Magno
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