Apesar de algum trânsito nas intermináveis estradas da Pan-Americana, onde autocarros e camiões de mercadorias são a única coisa que ilumina o caminho por muitos quilómetros de extensão, chegamos às 5h da manhã tal como previsto. As primeiras três horas em Nazca são tudo menos recomendáveis.
Em Nazca não há propriamente terminal de autocarros, e a ideia de permanecer no mesmo até às 8h da manhã desvanece-se rapidamente. A praceta está vazia, apenas com umas poucas pessoas que esperam também os seus autocarros ou apenas que o tempo passe. Sabendo que encontrar um café aberto a estas horas seria mentira, procuro por um hotel nas redondezas onde possa, já resignadamente, descansar até à hora programada para o ponto alto do dia - o voo sobre as Linhas de Nazca.
Deambulo uns parcos 300m pelas ruas agitadas de trânsito até chegar a uma pequena hospedaria na entrada da qual um grupo de cerca de 20 sem-abrigo fazia barulho acima do habitual para aquelas horas. Por 15 euros é-me dado um quarto, e só depois de terminar de enviar alguns documentos de trabalho é que posso finalmente fechar um pouco os olhos. Sinto-me quase no faroeste tal é a confusão e agitação no exterior, e passa das 7.30h quando consigo realmente cair no sono.
O sol já brilha quando saio à rua, constatando com a devida luminosidade a observação feita aquando da chegada. Esta era efectivamente uma zona pouco recomendável. Um táxi leva-me até à base aérea de Nazca, qual autêntico aeroporto mas em miniatura. É necessário cumprir com as medidas de higiene contra a COVID-19, apresentar passaportes, pagar taxas e pesar - fundamental para garantir a estabilidade da pequena avioneta de 8 lugares.
Levanto voo sobre Nazca, onde a paisagem dá lugar a uma planície árida sem resquícios de verde, com algumas montanhas aqui e ali. Seguem-se 45 minutos de magia, que justificam totalmente os 80 euros investidos. Sucessivamente, sobrevoo as imagens que até agora só conhecia dos livros ou documentários: o colibri, a aranha, o condor, o "astronauta". Linhas perfeitas em traço individual e geometria, formando desenhos que só se vêem do céu. Ao todo, mais de 70 figuras representadas numa extensão de cerca de 500 Km2, algumas das quais a ultrapassar os 100m de comprimento.
As Linhas de Nazca, identificadas pela primeira vez em 1939, permanecem como uma das maiores incógnitas da actualidade. Quem as fez? Com que finalidade? Respostas que provavelmente nunca chegarão, mas uma coisa é certa: é impossível ter a percepção real destas linhas através do solo, pelo que desenhá-las manualmente e de forma tão correcta parece quase um milagre.
A cidade tem muito mais para ver, mas o tempo é escasso. O museu arqueológico e o planetário de Nazca terão de ficar para uma próxima visita.
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