Peixe. Limpar, escamar, lavar. Entranhas que se acumulam. De que espécie? É sobretudo o Mekong que fornece. Vê-se, escolhe-se, avaliam-se as guelras e os olhos (o seu brilho), pesa-se, regateia-se o preço, compra-se e leva-se para casa.
Carne. Vermelho vivo, forte. As facas e o corte. De que sorte de animal (sem sorte)? Abatidos, muitas vezes de véspera. E que parte, dentro destes? Uma mais ou menos nobre? Pesa-se, regateia-se o preço, compra-se e leva-se para casa.
O chão para onde escorrem e se atiram todas as coisas: a água que lavou o sangue, as entranhas que ninguém leva.
Bem-vindos ao Pshar Kandal, o Mercado do meio (ou Kandal Market). Autenticidade será a melhor palavra para dizer este mercado. Caminha-se na ausência de turistas, são locais: do lado de quem vende, do lado de quem compra. E ao peixe e à carne, juntam-se as frutas e os legumes. Tudo na mesma manhã, a cada manhã, bem de manhã, pelas 5 horas já se montam as bancadas e se ‘decoram’ as montras.
São as compras do dia e para o dia, aqui não se compra para a semana nem para o mês. Muitos Cambojanos continuam a não utilizar frigoríficos ou congeladores, assim os produtos frescos são comprados e consumidos no mesmo dia. E assim se repete no dia seguinte, e no dia seguinte.
Deixamos o Kandal Market e vamos até ao Central Market, Pshar Thmei (em Khmer). Ao contrário do primeiro, este aparece entre as primeiras ‘coisas a fazer’ na lista do tripadvisor.
No lugar de um antigo lago há agora uma cúpula central a partir da qual se estendem quatro braços, amarelos e brancos, como o centro de onde partem. Dentro, uma torre com um relógio no cimo marcam o centro da cúpula, o centro de todo o mercado. Aí estão as joalharias e as relojoarias e seguem-se cabeleireiros lado a lado, costureiras, roupas, linhas inteiras de restaurantes típicos. Caranguejos e búzios em baldes de água: vivos. Há lugar para tudo, neste mercado.
Ainda que mantendo a sua genuinidade, fica, em intensidade, aquém do Pshar Kandal, mais forte em cores, cheiros, pessoas. Mais vivo.
Este artigo foi originalmente publicado no blogue Menina Mundo.
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