Uma história para contar logo à chegada

A chegada à capital do Vietname foi a mais singular e divertida que já tivemos em viagem.

Na meia-hora que levámos do aeroporto ao hotel o nosso chauffeur conseguiu o feito de cumprimentar a família toda pelo caminho: mãe, pai, avós, tios, passando depois para os vizinhos, conhecidos e todos os carros e motas que se aproximavam a menos de um metro do nosso carro.

Já praticamente a chegar ao hotel, no centro da cidade, veio a cereja em cima do bolo: um acidente. Culpa do nosso motorista, claro… Um carro abalroou o nosso e por sorte só amassou a porta e não um de nós!

Após o acidente, 30 segundos foi o tempo que aguentou sem buzinar: estava naquele estado de letargia a pensar no que o patrão lhe iria dizer. Passou-lhe rápido, tão depressa começou a cumprimentar toda a gente com a sua buzina bem audível.

Finalmente lá chegámos, sãos e salvos ao hotel!

Primeiro desafio: atravessar a rua

Hanói
Atravessar a rua em Hanói, com motociclos a virem de todas as direções, pode ser um desafio. créditos: MM Around the World

O nosso dia tinha começado bem mais cedo, ainda na apaixonante cidade de Chiang Mai, na Tailândia, onde apanhámos um voo da Bangkok Airways. Na capital do Vietname, deparámo-nos com um calor ainda mais abrasador do que na Tailândia! Após um rápido tratamento dos vistos de entrada no país, chegámos ao nosso alojamento, bem central e todo catita: o hotel Oriental Suites, que recomendamos vivamente.

O primeiro desafio caricato colocou-se a poucos metros do hotel: conseguir atravessar a rua! Rapidamente descobrimos o truque: sempre em frente, e sem medos, já que as muitas motas (eventualmente) se desviam. Se achávamos Bangkok caótico, Hanói era outro campeonato: as motas circulavam em todos os sentidos, na estrada, nos passeios, com sinais vermelhos, enfim no rules!

A Marta ficou desesperada nos primeiros instantes, mas umas horinhas depois já era uma verdadeira Vietnamita a atravessar uma estrada, ou quase: sempre agarrada a mim e com os olhos meio fechados e seja o que Deus quiser!

Chegados ao Hong Hoai's Restaurant, tivemos imediatamente que nos hidratar com um suminho natural e uma cerveja hanoi bem fresquinha. A fome era muita e fomo-nos entretendo com uns rolinhos primavera deliciosos enquanto não chegava a nossa bucha, ou melhor dizendo, o nosso Bün cha, um prato tradicional vietnamita que consiste em porco grelhado e noodles, rebentos de soja, coentros, hortelã, uma molhenga maravilhosa e toca a enrolar tudo numa folha de alface. Óbvio que o simpático empregado teve que ensinar aqui aos europeus como se “montava” esta iguaria e rapidamente apanhámos-lhe o jeito e estava simplesmente delicioso!

Hanói
A nossa bucha, ou melhor, Bün cha. créditos: MM Around the World

A Marta optou por um arroz frito de frango com ananás que também estava 5 estrelas!

Ficámos tão cheios que não conseguimos pedir sobremesa, pedimos para rematar com um delicioso café vietnamita com leite condensado, muito light. Resumo: delicioso e barato!

Um passeio pela cidade

Hanói
créditos: MM Around the World

Já de barriguinha cheia, saímos do conforto do ar condicionado e fomos a pé para sentir o pulsar da cidade, até ao Museu das Mulheres do Vietname, que nos mostra o papel fulcral que a mulher vietnamita teve e continua a ter na sociedade e no país.

O museu subdivide-se em três temas: a mulher na família, na moda e na história, com principal enfoque no seu papel na guerra do Vietname. Achámos muito interessante e uma óptima forma de ficar a conhecer a história e a cultura do Vietname.

De seguida, passeámos junto das margens do lago Hoan Kiem e visitámos o templo Ngoc Son (ou Templo da Montanha de Jade). Atravessámos a famosa ponte vermelha Huc que nos leva para o seu interior. Reza a lenda que uma tartaruga dourada terá oferecido uma espada ao antigo imperador Vietnamita Le Loi aquando da derrota sobre os chineses. No entanto, num dia em que o Imperador passeava pelo lago, uma gigantesca tartaruga terá levado a espada para as suas profundezas. Lendas à parte, este local que fica bem no coração da cidade e é um dos sítios mais bonitos e mais calmos da cidade.

Hanói
Dentro do templo podemos ver uma tartaruga embalsamada de 250kgs, que apareceu no lago e que acreditam ser a mesma da lenda. créditos: MM Around the world

Rapidamente chegava o final do dia e fomos ao Puppet Theatre comprar bilhetes para a última sessão do dia e reservar o local da nossa janta. Ainda tínhamos cerca de 2 horinhas para passear. Tendo em conta o calor brutal de Hanói e sendo o nosso hotel bem no centro de todo, lá fomos nós tomar mais uma banhoca para refrescar.

Subimos a rua em direcção à beer street, onde existem diversos bares para beber uma cervejinha. Apesar de engraçado, achámos esta zona muito feita para o turista. Ficámos aqui um pouco no meio dos camones mas rapidamente fomos explorar outro sítio que vendesse a famosa craft beer de Hanói, que é feita religiosamente todos os dias, portanto sempre fresquinha.

O nosso sítio em Hanói

A poucos metros da beer street, encontrámos o spot perfeito, o nosso sítio em Hanói. Quando pensamos em Hanói lembramo-nos deste nosso sítio. Nem sabemos o nome, mas conseguia lá voltar hoje de novo de olhos fechados.

Situado numa esquina, com dois banquinhos e uma mesa de plástico, onde repousavam duas canecas de craft beer fresquinhas, foi o que bastou para sermos felizes… Por sorte, aproveitámos a happy hour, pague 1 e beba 2, pelo simpático preço de 0.09€.

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O banquinho de plástico é uma das imagens de marca desta cidade, onde é obrigatório provar uma das suas cervejas artesanais. créditos: MM Around the world

Aqui o tempo passava mais devagar, enquanto víamos a azáfama dos locais, a sua simplicidade e ao mesmo tempo a sua alegria, nas suas motas onde incrivelmente cabia a família toda: pai, mãe e filhos. Se o tempo parasse bem que podia ser ali, naquela esquina de Hanói.

Aproximava-se a hora do espectáculo no Thang Long Water Puppet, que dizem ser o que há mais tempo está em cena na Ásia.

Hanói à noite

O Thang Long é um teatro aquático de marionetas tradicional do Vietname, com origens no séc. XI. Apesar de não percebermos nadinha do que dizem e cantam, é um espectáculo fabuloso, de onde saímos de sorriso na cara. A música e as percurssões são fabulosas. Ainda mais na primeira fila, onde conseguimos apreciar todos os detalhes.

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O teatro aquático de marionetas de Thang Long. créditos: MM Around the world

Saímos de coração cheio mas com a barriga vazia, tempo de ir para o restaurante , onde uma mesa reservada em nome da senhora "Martha" nos esperava. Um espaço super acolhedor, uma decoração sui generis e uns donos super simpáticos davam-nos as boas vindas. A lista era extensa e tudo tinha um óptimo aspecto, não foi nada fácil escolher o que comer.

Começámos com um Pho de frango, no fundo uma canjinha com uma folhinha de hortelã que me fez lembrar as da minha avó mas com noodles. Continuámos com uns bifinhos grelhados cortados na perfeição servido num pau de bamboo e para mim um arroz frito servido num coco.

Hanói
Tudo perfeito, menos o nome. créditos: MM Around the world

Além da apresentação dos pratos ser giríssima estava tudo delicioso. Recomendamos a quem passar por Hanoi. Fomos fazer a digestão pelo night market e fazer umas comprinhas: regateando faz-se óptimas compras!

O corpo já dava sinais de cansaço, as poucas horas de sono e o calor incomparável de Hanoi já faziam estragos. Fui deixar a Marta ao hotel porque ainda queria ir dar uma vista de olhos pela Catedral de São José, ou a também conhecida por pequena Notre Dame, que não estava muito distante.

Contrariei o papel que nos deram no hotel com várias recomendações, uma delas era precisamente para não andar sozinho à noite. Pelo que tinha visto nada me fez crer que Hanoi era uma cidade perigosa, bem pelo contrário.

O que mais me surpreendeu, tendo em conta que no dia seguinte era um dia da semana, era a quantidade de carros, de pessoas a beber o seu café e a sua cervejinha. A vida de Hanoi, seja de dia ou de noite, é incrível mesmo.

Impressões finais

Na hora de partir para Ho Chi Minh, no sul do país, ainda tivemos tempo para fazer as últimas compras, esplanar no nosso sítio preferido da cidade e beber umas craft beer geladinhas de 9 cêntimos acompanhadas por um delicioso pad thai. Tirámos algumas fotografias numa railstreet de Hanói e lá fomos nós enfrentar o trânsito infernal da hora de ponta até ao aeroporto.

Hanói revelou-se caótica e barulhenta de início, mas rapidamente nos conquistou e esta foi das mais maravilhosas surpresas desta nossa grande viagem. Sendo tão, mas tão, diferente da nossa realidade, foi precisamente esse o motivo pelo qual nos apaixonámos pela cidade.

Sobre os autores

A Marta e o Miguel são os autores do blog M&M Around the World, onde este relato da sua viagem foi publicado originalmente. Podem seguir as suas viagem no instagram.

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