Para os que procuram informação ou a melhor rota até este local, prometo que basta uma pesquisa rápida e encontrarão tudo o que é necessário para conhecer este incrível e mágico Parque, no qual dezasseis lagos azuis-turquesa e verdes-águas se interconectam e criam um infindável número de quedas de água, cascatas e rápidos, entre montanhas cársticas que oscilam entre os 1640 e os 884 metros, densamente florestadas e povoadas de vida selvagem.

Plitvice é um enorme livro de contos de fadas, da autoria da magnificente Mãe Natureza.

É interessante como mesmo antes de desejarmos ler, queremos ouvir repetidamente estas narrativas nascidas da mistura da realidade com a fantasia. Mas estas histórias nem sempre foram venturosas. Procedentes da tradição oral de diferentes culturas pelo mundo, os contos originalmente tinham pouco de perfeito ou mesmo de romântico, imperando enredos assustadores com desfechos trágicos, condição necessária a que o povo uma lição aprendesse. Todavia e graças à reinvenção destes contos por escritores e poetas, hoje a maioria começa por “Era uma vez...’’ e termina com um “...foram felizes para sempre’’.

Se por um lado aquela envolvente dos Alpes Dináricos, nos convida a reconhecer a problemática existencial que nos atormenta, por outro, fortalece-nos de tal modo que nos transforma em heróis capazes de vencer todos os obstáculos. Ali, os feitiços das fadas ou de outros seres fantásticos alimentam-nos a imaginação, e, por incontáveis vezes, trazem-nos a esperança face a uma dicotomia bem versus mal. O silêncio é substituído por diálogos, sendo que os acontecimentos se sucedem por imperativos afetivos em detrimento de razões meramente lógicas.

Quem nos conhece ou nos lê habitualmente sabe que o projeto do Viajário Ilustrado vai além de roteiros ou de direções. Nasceu do desejo partilhado de flanar mundo, de desfrutar do prazer da escrita baseada em registos íntimos, do anseio voraz de captar, através de uma lente, pessoas e lugares extraordinariamente comuns. Mas sobretudo do amor: que eu tenho à palavra e à escrita; que ele tem à fotografia; que nutrimos um pelo outro.

Em Plitvice senti as falas a escassear e o tempo a abrandar, quando recordamos o pulsar do arrebatamento. Os nossos passos pareciam desejar uma sincronização com o nosso batimento cardíaco, agora a três. A longa caminhada pelo trilho H, um percurso de 8 900 metros, com a duração de quatro a seis horas, que passa pelos lagos altos e baixos, com uma breve viagem de barco pelo lago Kozjak até à Grande Cascata, teve tanto de maravilhoso como o princípio desta aventura conjunta. Durante um dia, calcorreamos um verdadeiro conto de fadas, e não existem fotografias ou palavras que façam justiça face à majestosa composição de elementos que forma este Parque.

Tenho de confessar, contudo, que muitas foram as vezes em que reduzi o amor à sua impossibilidade. Algo que reverti teimosamente graças aos contos de fadas sabidos de cor, e à expetativa que estes criassem uma eventual acidentalidade do destino que me conferisse igual impossibilidade racional de escolha.

Hoje tenho a certeza de que o amor é tão absurdo como falar com fadas, abraçar gigantes, domar dragões, despachar bruxas ou fazer feitiços. Pode não fazer sentido, mas as historias são assim mesmo. Apenas importa saber que o amor é a coisa mais forte e importante do mundo.

“Dizem que quando conhecemos o amor da nossa vida, o tempo pára.”

Tim Burton

E é verdade.

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