Verona é um lugar onde apetece andar de mão dada e trocar confidências. Um lugar que nos lembra que num mundo onde as relações humanas estão cada vez mais esbatidas e ofuscadas pelo trabalho, pelo stress e pela tecnologia, é importante, às vezes, desligar tudo o que não interessa e reconectar com quem mais nos importa.

É verdade que quando estamos apaixonados tudo nos parece mais bonito - e eu talvez sofra desse mal - mas acho que Verona é realmente uma das cidades mais belas e charmosas de Itália.

Verona
Verona no Dia dos Namorados créditos: Travellight

Quando chegamos decorria o festival "Verona in love" e toda a cidade estava vestida de vermelho, com corações, decorações e iluminações que animavam as ruas e as montras das lojas. Na Piazza dei Signori havia espectáculos gratuitos de música, poesia e magia. O ambiente era fantástico!

Juro que me apetecia-me cantar “Love is the Air” enquanto passeava pela Piazza Bra.

Arena di Verona
Arena di Verona créditos: Travellight

Visitamos a Arena di Verona (que apesar de não ser tão grande ou famosa como o Coliseu de Roma, está muito bem preservada) e Castelvecchio - um castelo transformado em museu que exibe pinturas, objectos de arte e escultura.

Paramos depois na Torre Lamberti - construção com centenas de anos que é conhecida pela maravilhosa vista que oferece do topo.

Torre Lamberti
Vista da Torre Lamberti créditos: Travellight

Finalmente, dirigimos-nos à principal atracção da cidade: a Casa di Giulietta.

Devo confessar que me é indiferente que a Julieta nunca tenha existido e que toda a sua história seja apenas fruto da imaginação febril de um dramaturgo inglês, que nunca sequer colocou os pés em Verona. Estando eu na cidade, não visitar a casa que lhe é dedicada, parecia-me errado, por isso lá fomos.

A casa - que na verdade data do século XIV e é um maravilhoso exemplo da arquitectura gótica - foi comprada à família Cappello pela cidade de Verona em 1905. A semelhança entre o seu nome e o nome Capuleto (sobrenome de Julieta na famosa peça) resultou na declaração de que esta era a “Casa de Julieta”. Et voilà, nasceu assim a actual atracção.

Casa di Giulietta
Casa di Giulietta créditos: Travellight

Quando entramos, a primeira coisa que prende o nosso olhar são as centenas de papelinhos, cadeados e outros símbolos que cobrem as paredes do pátio.

Dizem que se deixarmos uma declaração de amor aqui escrita a relação durará para sempre. Infelizmente, graças a pessoas que no passado danificaram a estrutura do prédio, rabiscando nas paredes os seus devaneios românticos, hoje uma mensagem aqui deixada pode resultar numa multa de 500 euros - mas enfim, ninguém disse que conseguir o amor eterno, era fácil (ou neste caso, barato). Daí até surgirem os post it, os lacinhos vermelhos e as cartas coladas com pastilha elástica foi um passo. Não são permanentes e podem voar com o vento, mas pelo menos não se paga multa.

Juras de amor
créditos: Travellight

Outra tradição - levada a cabo com particular dedicação pelos aspirantes a Romeu - implica tocar no seio direito da estátua de Julieta, para garantir que o amor verdadeiro será alcançado. E é vê-los a todos em fila, à espera de posar para a foto com a mão no almejado seio. Romântico talvez não seja, mas com certeza vai arrancar umas boas gargalhadas dos casais mais bem dispostos.

Já mais dentro do espírito do amor, está a varanda que representa a sacada onde a Julieta suspirava e esperava pelo seu querido Romeu - é outro sucesso de selfies!

Dentro da casa encontramos um museu com mobílias, objectos e roupas, expostos pelos vários quartos, que ajudam a retratar a forma como viviam as pessoas, no período da peça.

Descobri que podemos escrever uma carta à Julieta pedindo o seu conselho e ajuda. Uma equipa de voluntários designados por "secretários do clube da Julieta" responde.

Eu achei isto hilário, principalmente se considerarmos o fim trágico que teve a relação de Romeu e Julieta. A ideia de que qualquer um destes personagens poderia dar um conselho equilibrado e válido a alguém com problemas amorosos, é de morrer a rir.

Em todo o caso, adorei visitar este lugar e a cidade de Verona. Recordou-me como podem ser poderosas as histórias de amor!

Verona
Verona créditos: Travellight

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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World