A história de Colónia del Sacramento encontra-se nas ruas, nas casas e no excelente postal ilustrado que é a zona histórica, património mundial declarado pela Unesco.
Do outro lado do Mar da Prata fica Buenos Aires e a viagem é rápida.
Fizemos a travessia no Buquebus, que partiu de Buenos Aires com atraso, apesar de exigirem a presença no cais duas horas antes da partida. Um exagero.
Era um sábado e demorou-se muito tempo a colocar os carros no interior da embarcação.
A lotação estava quase esgotada e os bilhetes já foram mais caros, 1980 pesos argentinos, para duas passagens de ida e volta.
O serviço de fronteiras é rápido, no mesmo quiosque colocam os carimbos argentinos e uruguaios.
A sala de embarque estava lotada, muitas famílias com crianças. A América do Sul não vai ter o problema de envelhecimento da população.
As pessoas de origem andina diferenciam-se bem das que têm origem europeia. Estes últimos, na maioria italianos. O ponto comum é a obesidade…
A viagem demorou 55 minutos. O Buquebus partiu de um cais pejado de plantas marinhas e a travessia no Rio da Prata nada tem de extraordinário.
Colónia del Sacramento parece uma vila pacata.
Uma turista local, que costuma ficar na cidade em casa de amigos, disse-nos que havia menos gente do que o habitual.
O acesso à zona histórica é feito por ruas largas, arborizadas e com casas de dois pisos, algumas com traços de arquitetura colonial, outras com tons fortes de vermelho e laranja.
Nestas ruas há comércio e empanadas deliciosas como a de carne doce (tem açúcar e uvas).
Com sol, calor e humidade, não foi muito fácil a caminhada. A parte positiva foi que nos obrigou a parar e já na parte mais antiga fizemos nova descoberta.
Uma casa de doces que, como parece ser hábito em muitos outros estabelecimentos comerciais, tenta cativar os clientes com frases espirituosas.
A loja dos doces fica na praça do fundador de Colónia, Manuel Lobo, e em frente à Igreja. Deu para refrescar e ganhar forças para prosseguir caminho.
O primeiro ponto visitado foi a Basílica del Santísimo Sacramento ou Iglesia Matriz, reconstruída em 1810, e que ainda preserva pilares da sua primeira construção, pelos portugueses. Há também quadros e esculturas antigas.
A Plaza Mayor fica próxima. É onde estão vários museus e o farol que foi construído ao lado das ruínas do antigo Convento de S. Francisco de Xavier.
É um dos pontos turísticos e palco de muitas poses fotográficas.
O farol é de 1855, está bem recuperado, tem acesso pago, cerca de 25 pesos, e permite uma vista ampla da cidade. O acesso aos museus pode ser feito com um único bilhete. O problema é que fecham cedo, às 16.30h.
Na Plaza Mayor, o clube Sur estava a montar um palco para a festa de carnaval.
Um grupo de jovens esmerou-se na vestimenta mas tinha dificuldade em caminhar, porque usavam sandálias de salto alto e toda a parte histórica tem o piso de pedras/paralelepípedos, tal como em algumas ruas portuguesas.
Noutros lugares, as ruas são irregulares, feitas de placas de ardósia, colocadas de forma desarticulada.
Da Plaza Mayor deu para ir para o rio Plata, seguir o caminho de S. Gabriel, e descobrimos a Rua dos Suspiros. Designa-se assim porque era por onde passavam os escravos antes de serem executados.
Esquecida a agrura da história, a rua faz lembrar o património português, que ainda se encontra edificado em algumas aldeias em Portugal continental.
Uma outra rua muito bonita, é a Calle Portugal onde se destacam dois carros antigos (a cidade está repleta de carros antigos junto aos passeios) e um deles funciona como um vaso gigante para plantas decorativas.
Na zona da marina, depois de uma praia rochosa, há um cais amplo e tem-se a perspetiva da cidade a partir do rio. Algumas casas estão em ruína, outras para alugar ou vender.
O regresso ao cais de embarque foi por um caminho diferente, com gente nas ruas, a desfrutar do final da tarde.
Percebe-se que faz sentido a ideia que nos foi transmitida por um segurança à chegada: Colónia, por enquanto, ainda é uma cidade sossegada.
As pessoas são muito simpáticas, não se sente o stress das grandes cidades sul-americanas e a cultura uruguaia revela mais civismo.
O regresso de barco foi tardio, com mais de uma hora de atraso, mas foi fantástica a vista ao pôr do sol.
Muitos regressavam à Argentina e a maioria ia divertir-se na noite de sábado em Buenos Aires.
Estava tudo apinhado e, à chegada, o taxista quis aproveitar-se: 180 pesos, mais do dobro de preço habitual para nos levar à Plaza Congresso!
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