25 de junho de 1852. Nascia em Reus o homem que viria a tornar Barcelona numa das mais belas cidades da Europa. Filho de um caldeireiro, Antoni Gaudí i Cornet, mais conhecido como Gaudí, disse não aos princípios académicos da arquitetura neoclássica e deu largas a uma personalidade fora do comum para usar livremente formas e técnicas de diversas artes, da bizantina à gótica, passando pela muçulmana ou mudéjar. O resultado foram algumas das maiores obras-primas da arquitetura mundial, que lhe valeram à época tanta admiração como repúdio.

O arquiteto e urbanista, foi também escultor e pintor, tendo falecido a 10 de junho de 1926, na sua amada Barcelona, vítima de atropelamento de um elétrico. Eis algumas das suas criações, que tem mesmo de ficar a conhecer quando visitar a belíssima cidade espanhola.

Sagrada Família

Barcelona: a cidade de Gaudí
créditos: Diego Allen/Unsplash

Não se espante se uma grua lhe 'estragar' uma foto perfeita da fantástica catedral. É que a Sagrada Família continua em construção – começou a ser erigida em 1882 - e só deve estar terminada em 2026. A mais famosa obra de Gaudí espelha a sua religiosidade, mas também a relação entre o homem, a natureza e a própria religião.

O arquiteto faleceu ainda o projeto ia a cerca de um quarto, mas as suas indicações são até hoje seguidas. Mesmo assim, existe alguma controvérsia entre os arquitetos catalães, que duvidam deste rigor, uma vez que a Guerra Civil destruiu muitas das maquetes e plantas.

Quando estiver concluída, a igreja terá nada mais nada menos do que 18 torres, quatro em cada um dos três acessos e, como um arranjo de cúpula, outras seis, com a torre central dedicada a Jesus coroada com uma cruz de quatro braços. Ao redor desta estarão quatro torres dedicadas aos evangelistas e uma segunda cúpula dedicada à Virgem.

É impossível ficar indiferente a este monumento único, que ainda oferece uma vista fabulosa sobre a cidade. Só tem de subir a uma das torres, a pé se estiver em boa forma ou então, caso queira poupar-se para o resto das obras de Gaudí, usando o elevador.

Parque Güell

Barcelona: a cidade de Gaudí
créditos: Martijn Vonk/Unsplash

A relação entre a natureza e a arquitetura (que tanto marcou a obra de Gaudí) está bem patente neste spot imperdível de Barcelona. Construído entre 1900 e 1914 a pedido do conde Eusebi Güell, o parque deveria ser uma zona de distração dos aristocratas da região e esteve mesmo previsto um empreendimento habitacional que tiraria partido das vistas e do ar fresco. Mas apenas duas casas foram construídas, tendo o próprio Gaudí vivido numa delas. Património Mundial da UNESCO, o parque destaca-se por exemplo pelo trencadís, ou seja, pelo recurso a cacos partidos de mosaicos nas superfícies dos edifícios. Para além desta caraterística da obra de Gaudí e da Arte Nova, existem muitos mais detalhes a merecer toda a atenção. Mas é, sem dúvida, o terraço com formas serpenteadas que mais cativa os visitantes. O banco de pedra é surpreendentemente confortável e uma excelente desculpa para fazer uma pausa.

Muitas fotos depois, parta para o salão das colunas e dedique alguns minutos ao guardião do parque. O lagarto, conhecido como El Drac (O Dragão) é um dos detalhes mais apreciados do jardim, logo será preciso alguma paciência caso queira fotografá-lo sozinho ou fazer uma selfie. Feita em colaboração com Joseph Maria Jujo, a escultura é outro exemplo do uso do trencadís, o que confere um colorido quase mágico às suas escamas.

Casa Batlló

Barcelona: a cidade de Gaudí
créditos: Yu/Unsplash

Uma casa convencional construída em 1877 deu origem a uma das obras-primas do arquiteto catalão. A restauração total ocorrida em 1904 tem como principais destaques os elementos típicos do Modernismo, como cerâmica, pedra e ferro forjado. O projeto radical foi contra os estatutos da cidade e logo alvo de enorme criticismo, mas a Câmara Municipal de Barcelona acabou por colocar a Casa Batlló entre os três melhores edifícios do ano em 1906. O reconhecimento atravessou décadas, sendo este prédio do centro da cidade um dos mais artísticos e poéticos do mundo. O segredo: muitos, mas porventura as formas a lembrar repteis, as curvas a recriar ramos de videiras e até ossos e esqueletos que se insinuam entre o colorido da cerâmica e do vidro. Como sucede na maioria das suas obras, esta reconstrução assinada por Gaudí apresenta traços religiosos, a saber imagens e textos encrustados nos andares superiores e pequenos detalhes das fachadas.

La Pedrera

Barcelona: a cidade de Gaudí
créditos: Sung Shin/Unsplash

Há quem o considere uma verdadeira escultura e diga mesmo que é mais orgânico do que artificial, como se tivesse sido esculpido diretamente do chão. Na verdade, a La Pedrera é um edifício residencial, não um qualquer, claro. Mas porventura um dos mais imaginativos de todos os tempos. Património Mundial da UNESCO desde 1984, a Casa Milà (assim se chama originalmente) foi construída em 1912 para Roser Segimon e Pere Milà, sendo dividido em nove andares, incluindo um piso térreo que funcionou como garagem, um mezanino e o famoso terraço com as esculturas e outras estruturas artísticas que na realidade são chaminés, ventiladores e escadas de emergência. Sem grande surpresa, esta obra também gerou enorme celeuma, mas acabou por contribuir enormemente para o Modernismo.

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