"Não existe a cultura no sítio certo, o que existe é a cultura comunicar com todos os sítios", afirmou Joana Vasconcelos aos jornalistas. É, acrescentou a artista internacional, “dever dos artistas estarem por todas as partes, senão também não fazia sentido sair de Portugal para o mundo”.

A antiga destilaria n.º 7 da Casa do Douro, localizada em Favaios, concelho de Alijó, foi adquirida por Celso Pereira e Jorge Alves, no âmbito do projeto que os une, o “Quanta Terra”, e foi recuperada para abrir portas ao enoturismo e à cultura. Ali os enólogos criaram um espaço para provas e venda de vinhos e onde, ao mesmo tempo, querem concretizar uma programação cultural regular.

O arranque do projeto aconteceu hoje com a inauguração da exposição de sete obras de Joana Vasconcelos, entre as quais “Pavillon de Vin” (garrafão em ferro forjado) e “Coração Independente”, que nos últimos anos têm percorrido centros culturais internacionais.

Joana Vasconcelos descentraliza cultura e expõe numa adega renovada do Douro
créditos: LUSA

“Estar aqui faz todo o sentido visto que é um tema (vinho) que eu tenho vindo a trabalhar na minha obra, ao longo dos anos e em diferentes peças, o garrafão é um exemplo disso, os castiçais são outro exemplo disso”, afirmou a artista.

E foi nas memórias de infância, na quinta que a família tinha no Douro, onde em criança percorria as vinhas íngremes ou tomava banho nos tanques, que Joana Vasconcelos se inspirou para criar algumas das suas obras.

Como, por exemplo, apontou o “garrafão que parece uma latada coberta de vinha”. “Há muito que tenho vindo a trabalhar o tema do vinho como um dos ícones da identidade portuguesa”, sustentou.

E, na adega da “Quanta Terra”, encontrou o palco para essa mesma ligação entre o passado e o presente, entre a tradição e a contemporaneidade, entre a arte, os vinhos e a mais antiga e regulamentada região demarcada do mundo – o Douro.

Joana Vasconcelos descentraliza cultura e expõe numa adega renovada do Douro
créditos: LUSA

Joana Vasconcelos é reconhecida pelas esculturas monumentais que questionam, com humor e ironia, o estatuto da mulher, a sociedade de consumo e a identidade coletiva.

“Conseguimos conjugar a arte com o vinho e a Joana acabou por aceitar o repto seguinte. Um artista plástico da dimensão da Joana vir ao Douro fazer um evento destes que se vai estender de março a junho tem uma importância tremenda para o Interior, mostra que queremos ser diferenciadores”, afirmou Celso Pereira.

Com esta mostra os enólogos abrem as portas da Adega Quanta Terra | Destilaria n.º 7, depois de investirem 355 mil euros na aquisição e recuperação do antigo edifício onde ainda é possível observar as cubas onde era rececionado o vinho e a cor escolhida para pintar o edifício foi o amarelo torrado característico do Douro. Ali serão criados três postos de trabalho.

Jorge Alves explicou que a adega possui também uma sala de envelhecimento em barrica e salientou que se pretende usar este espaço como “um equipamento cultural do planalto de Alijó”.

A empresa, criada há 20 anos, tem uma produção média anual de 50 mil garrafas, um portfólio de nove marcas e faz uma aposta na exportação para países como Singapura, Brasil, Holanda, Alemanha, Inglaterra ou Suíça.

A exposição, que estará patente até 19 de junho, resultou de uma parceria criada em 2021 com a Fundação Joana Vasconcelos, os produtores durienses e André de Quiroga da Força Motriz que levou ao lançamento de um vinho tinto e um espumante com rótulos desenvolvidos pela artista plástica.

A ligação de Joana Vasconcelos com o concelho de Alijó, distrito de Vila Real, vai intensificar-se através de uma colaboração com o município e a exposição “Quatro paredes caiadas”, que será inaugurada em abril.

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