A INATEL anunciou hoje que não está a aceitar reservas para os hotéis das Flores e Graciosa, considerando “profundamente injusta” a decisão do Governo dos Açores em terminar com a concessão das unidades à fundação.

“É uma injustiça. Estamos preocupados porque qualquer outro empreendimento, é obrigatório por lei, tem de herdar os trabalhadores que lá estão. Portanto, se o problema não for resolvido atempadamente coloca problemas a esses trabalhadores. A Fundação INATEL não está em condições de aceitar reservas”, disse o presidente da INATEL, Francisco Madelino, à agência Lusa.

Em 28 de novembro de 2022, o presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) anunciou que a empresa pública Ilhas de Valor tinha sido mandatada para procurar soluções de alienação do capital social ou concessão dos hotéis da Graciosa e das Flores, atualmente explorados pela INATEL.

Antes, em junho de 2022, o secretário regional das Finanças afirmou que a atual gestão dos hotéis, que são propriedade da região, “pede mais ao erário público do que aquilo que entrega”, revelando que até final 2020 a fundação devia cerca de 36 mil euros à região.

Contudo, o presidente da INATEL rejeita a existência de qualquer dívida à região, contrapondo com as perdas que a fundação registou para explorar as unidades.

“A INATEL, desde 2019, perdeu um valor que se aproxima de meio milhão de euros. No caso da Graciosa, perdeu 314 mil euros de prejuízo. No caso das Flores, teve um prejuízo acumulado nesse período de 100 mil euros”, afirmou.

Por isso, acrescentou, a “INATEL não está em condições de aceitar reservas” para aquelas unidades, apelando ao Governo Regional para tratar o processo com “sensibilidade”.

“Não é verdade que a INATEL não pagou o que devia ter pago. Pelo contrário, a Fundação INATEL foi convidada a ficar nesses dois hotéis, como acontece noutros pontos do país, porque o turismo era insuficiente nesses sítios”, revelou.

Francisco Madelino reconheceu, contudo, a “legitimidade” jurídica da decisão do executivo açoriano, mas considerou a medida “profundamente injusta” porque a alienação vai decorrer numa altura em que existe a “perspetiva da retirada de rendimentos” devido ao crescimento do turismo.

“O Governo Regional estava obrigado pelos acordos a que fosse comparticipado um valor de 45 mil euros semestralmente para publicitar esses hotéis. Nunca o fez. Nos anos de prejuízo, nunca a INATEL pediu que os 20% dos resultados negativos – é o que está escrito - fossem pagos à fundação”, salientou.

A concessão da INATEL para a gestão das duas unidades (onde trabalham cerca de 70 pessoas) termina no primeiro semestre de 2024.