Se não tivesse acontecido o terramoto de 1755 será que algum dia se iria descobrir que entre a Rua da Prata e a Rua da Conceição, em plena baixa de Lisboa, se escondia um dos mais importantes vestígios romanos da cidade?
A resposta nunca saberemos mas o certo é que foi a reconstrução da conhecida Baixa Pombalina que permitiu a descoberta em 1771.
Desde cedo que foram várias as interpretações possíveis para a função deste achado arqueológico. Se numa fase inicial se pensou que se tratava de umas termas romanas, esta tese foi afastada para dar lugar a outras.
A mais unânime de todas é a que avança a possibilidade de se tratar de um criptopórtico, uma “solução arquitetónica que criava, em zona de declive e pouca estabilidade geológica, uma plataforma horizontal de suporte à construção de edifícios de grande dimensão, normalmente públicos, como é o caso do Fórum da cidade, que teria sido suportado por este criptopórtico”, diz-nos o site da Câmara Municipal de Lisboa.
De acordo com Lídia Fernandes, Coordenadora do Museu de Lisboa, Teatro Romano, a área visitável é apenas 1/3 daquela que se conhece, sendo ainda uma incógnita a verdadeira extensão destas galerias romanas abertas ao público apenas duas vezes por ano.
E talvez por isso, as possibilidades reduzidas de visita, uma vez que as galerias romanas se encontram submersas durante todo o ano, a atração por elas é cada vez maior. É assim desde o início das visitas, nos anos 1980, dando origem a longas filas de espera, que muitas vezes começavam a formar-se ainda de madrugada.
Para evitar este tipo de situações, os responsáveis decidiram criar um sistema de marcação de visitas através de uma plataforma online, estando disponível cerca de três mil vagas, que muitas vezes “voam” numa questão de horas. Nessa plataforma é possível escolher as horas a que pretende fazer a visita. Esta tem a duração de cerca de 20 minutos e nunca é igual de edição para edição, uma vez que a investigação nestas galerias tem dado origem a novos dados.
“Vai existindo sempre mais alguma informação”, afirmou Lídia Fernandes, uma vez que “vai havendo sempre mais dados e portanto há sempre diferenças no discurso (da visita) que depende também um bocadinho dos visitantes”.
Para esta edição, que decorre entre os dias 6 e 8 de abril, as vagas já estão mais que esgotadas. “As pessoas inscrevem-se e esperam 15 minutos no máximo. É muito mais confortável, as pessoas gostam muito mais mas o senão desta opção é que se não estão à distância de um clique quando a plataforma abre (as inscrições), não têm vaga”, explicou Lídia Fernandes.
Apesar de não ser possível uma visita nestes dias, fique atento à abertura das próximas datas, em setembro. As visitas têm um preço simbólico de 2€.
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