Visitar a casa-museu é entrar no mundo queirosiano, de 1892, quando o autor visitou pela primeira vez a quinta rural, chegado do ‘glamour’ de Paris, onde era diplomata.

“O que as pessoas encontram aqui é o espólio do escritor. Sem sombra de dúvida, o Eça está presente na casa, na sua mobília, nos seus quadros, nos seus livros, nas peças que lhe pertenceram”, afirmou Sandra Melo, a técnica que guiou a ministra da Cultura numa visita à casa-museu neste sábado.

“Na primeira sala, temos a mesa do arroz de favas, que é uma peça emblemática da casa, que é descrita tal e qual na Cidade e as Serras. Se eu passar para a biblioteca, tenho a secretária do escritor, que é, sem dúvida para nós, a peça mais simbólica, porque o Eça gostava de escrever em pé e toda a agente gosta de ver a sua secretária, imaginá-lo ali, em pé, a escrever”, contou.

Fundação Eça de Queiroz
Fundação Eça de Queiroz Secretária do escritor para escrever de pé créditos: Lusa

A visita pode prosseguir por outros recantos da casa com tetos alto de madeira e abundantes peças de decoração em prata, até chegar a uma sala onde, além dos livros de Eça e uma fotografia do rei D. Carlos com dedicatória ao escritor, encontra-se uma cabaia de mandarim.

“Se eu passar para a sala de estar, tenho logo aí os objetos pessoais, como os célebres monóculos, que são o símbolo de toda a chiqueza. Se eu for à sala de jantar, tenho a mobília da sala de jantar da casa de Paris”, acrescentou.

Fundação Eça de Queiroz
Fundação Eça de Queiroz O quarto do escritor créditos: Lusa

A ministra da Cultura visitou a casa, onde deixou uma dedicatória no livro de honra, sobre a secretária alta trazida de Paris, usada por Eça na escrita de alguns dos seus livros.

“A casa tem um ambiente próprio, muito acolhedor, na relação também com a paisagem”, comentou à Lusa, destacando o mobiliário outrora de Eça, por conter “características muito interessantes”.

“É uma casa-museu com grande qualidade. Estou convencida que será um polo cultural, também com mais valias em termos de turismo cultural”, concluiu Dalila Rodrigues.

Fundação Eça de Queiroz
Fundação Eça de Queiroz Visita guiada à Fundação Eça de Queiroz créditos: Lusa

Brasileiros são quem mais visita a casa-museu

A Casa de Tormes recebe habitualmente muitos visitantes estrangeiros, sobretudo brasileiros com “muito apetite” de conhecerem a casa-museu do escritor.

“Os estrangeiros que mais visitam a nossa casa são brasileiros, porque o Eça é tão conhecido no Brasil como Camões ou Pessoa. Os brasileiros vêm com muito apetite de conhecerem o espólio do Eça”, contou Sandra Melo.

Fundação Eça de Queiroz
Fundação Eça de Queiroz Vista de uma das janelas para o ambiente campestre que circunda a Casa de Tormes créditos: Lusa

Mas, anotou, não só brasileiros passam pela Casa de Tormes. Também norte-americanos e nórdicos são visitas habituais, por serem pessoas que também apreciam o turismo de natureza, bem evidente nas paisagens do rio Douro e nas montanhas e vinhedos que rodeiam a casa.

De todos os pontos de Portugal, sinalizou, chegam visitantes, apesar de o seu número ainda não ter recuperado totalmente no período pós-covid-19.