“A festa vai estar na rua”, anunciou hoje a vereadora da Cultura do município, Leonor Barata, explicando que, na tarde desse dia, vão realizar-se “muitas apresentações das artes de rua, sobretudo no centro histórico, que vão culminar num cortejo histórico evocativo dos 900 anos do foral”, entre o Solar do Vinho do Dão e o adro da Sé.
Leonor Barata avançou que o cortejo irá contar com 200 figurantes e que “as ruas vão estar preparadas para receber a rainha D. Teresa, que vai entregar novamente o foral a quem agora está a dirigir a cidade”, o presidente Fernando Ruas.
No adro da Sé, realizar-se-á “um festim medieval”, em que serão propostas danças comunitárias medievais e que contará com 80 bailarinas, seguido de um concerto protagonizado pelos grupos Retimbrar e Sopa da Pedra, com os convidados Gira Sol Azul e Teresa Salgueiro, acrescentou.
No fim de semana de 27 e 28, decorrerá ainda uma Feira de Ofícios, no Parque Aquilino Ribeiro, que envolverá 50 operadores ligados a diversos ofícios, saberes e tradições, como o estanho, a madeira, a tecelagem, os bordados de Tibaldinho, a olaria, a cestaria e a bijuteria.
A atriz Sofia Moura, do coletivo Mochos do Telhado, irá interpretar D. Teresa durante os seis meses de comemorações, que terminarão no dia 31 de outubro.
Segundo Leonor Barata, neste meio ano, D. Teresa fará “aparições à cidade e ao território”, visitando, por exemplo, a Feira de São Mateus, o mercado semanal e um centro comercial, para “provocar um choque entre duas eras” e até, quem sabe, vir a ser “rainha do Instagram”.
O objetivo é “permitir que toda a gente interaja com a rainha e que a história passe de uma forma mais informal e mais leve”, justificou.
A vereadora da Cultura contou que o município entendeu que a comemoração dos 900 anos do foral de D. Teresa “deveria ser o pretexto para promover uma reflexão sobre o território”.
Com a motivação dada por D. Teresa, o município preparou “um programa de reflexão, de ação, muito participado e partilhado com as forças vivas da cidade e com a comunidade”, frisou, acrescentando que este foi discutido com os agentes locais e envolve mais de 20 parceiros.
“É um evento tão ambicioso que precisamos da colaboração de todos”, sublinhou.
O programa inclui a inauguração da exposição “O Foral de Viseu de D. Teresa. 1123_usos e costumes” no Museu de História da Cidade, o lançamento de um selo comemorativo em parceria com os CTT, o ciclo de conversas “Foi com ela que tudo começou”, um espetáculo de pequeno formato nas escolas para alunos dos 5.º e 6.º anos de escolaridade e um concurso de caricaturas, entre outras iniciativas.
Em agosto e setembro, a programação irá alargar-se à Feira de São Mateus, com algumas iniciativas de inspiração medieval, numa abordagem contemporânea.
Este ano, o Dia do Município (21 de setembro), servirá para “celebrar as relações estabelecidas ao longo dos últimos 900 anos”, disse Leonor Barata.
Nesse dia, um cortejo aliará a história à etnografia, num desfile dos usos e costumes dos grupos folclóricos das freguesias, que contará com a participação de grupos provenientes das cidades amigas e irmãs, com os seus trajes tradicionais, cantigas, danças e músicas, num total de 800 pessoas.
Leonor Barata acrescentou que, em setembro, haverá também “um ciclo de conferências mais académico dedicado à história medieval e à relação do território com essa história e com os primórdios do poder local”, que servirá para fazer uma reflexão sobre “o que Viseu pretende ser como território daqui a 900 anos”.
O fim das comemorações está marcado para 31 de outubro - data do nascimento, em Viseu, do rei D. Duarte - com uma ceia medieval.
“Estas comemorações têm um rigor e um pendor histórico muito acentuado, mas não é o nosso objetivo criar uma ideia saudosista. A nossa ideia é também promover uma reflexão sobre o futuro, em que contamos com a participação das camadas mais jovens e das diversas instituições”, frisou Leonor Barata.
Fernando Ruas considerou que, “se D. Teresa estivesse viva, ia ficar feliz com a forma como esta comunidade evoluiu”.
Concedido em maio de 1123 por D. Teresa, o foral – cujo original se encontra na Torre do Tombo - estabelecia o concelho e regulava a sua administração, deveres e privilégios.
No âmbito de um acordo de colaboração celebrado recentemente, o município de Santa Maria da Feira é um parceiro estratégico nestas comemorações.
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