Segundo o vereador da Cultura da Câmara de Viseu, Jorge Sobrado, a exposição “Ícones da história de Viseu: o despertar do museu”, que ficará patente no edifício da antiga Papelaria Dias, na Rua Direita, “é a primeira encarnação do Museu de História da Cidade”.
“É, no fundo, o embrião de um projeto que não tem aqui a sua casa de chegada, tem aqui a sua casa de partida. Todavia, é o fim de um enguiço que já se prolonga há mais de 40 anos”, explicou aos jornalistas.
Jorge Sobrado lembrou que, em 1977, o município adquiriu o Solar dos Condes de Prime para aí instalar o museu de história da cidade, tendo depois este edifício acabado por acolher o Conservatório Regional de Música.
Mas a vontade será ainda mais antiga, porque, “em 1916, já o arqueólogo e professor José Coelho reclamava o museu de história da cidade”.
“Quando o Museu Grão Vasco abre, estala uma polémica”, porque algumas pessoas tinham o entendimento de que, uma vez que as pinturas de Grão Vasco estavam disponíveis ao público na Sé e nas igrejas, era mais importante haver “uma casa organizada que pudesse narrar e valorizar as muitas camadas de história da cidade de Viseu”, contou o vereador.
Na sua opinião, o Museu de História da Cidade vai finalmente “fazer justiça a 2.500 anos de história”.
Da exposição que inaugura na sexta-feira constam “ícones que são, na verdade, joias da história e do tempo que constitui Viseu”, afirmou, contando que um deles é a ara de Vissaium, “um altar do século I depois de Cristo, que permite documentar a origem antiga do nome da cidade”.
O foral de D. Teresa, datado de 1123 e que estava arquivado na Torre do Tombo, vai também estar exposto, durante três meses.
“É um foral que confirma a importância política de Viseu no contexto da pré-fundação do reino e a lealdade política que D. Teresa aqui encontrou para defender o condado”, frisou Jorge Sobrado.
Expostas estarão também réplicas de joias da coleção privada de D. Fernando, “que são documentos da existência não apenas de um povoado em Viseu, como de uma nobreza com força económica em Viseu”, acrescentou.
A pintura “A descida da cruz”, de Grão Vasco, que estava há vários anos no depósito do Museu Grão Vasco, vai voltar a poder ser vista nesta exposição, tendo o município assumido o compromisso de a devolver depois de a restaurar.
Jorge Sobrado destacou também a maquete da Cava de Viriato - “o principal monumento em terra da Europa” -, que permitirá ver a sua forma octogonal, que não é percetível para quem a visita.
“Teremos uma maquete realista, que permite uma observação do octógono com uma representação de acordo com a cultura do período da sua construção, datado do século X, por impulso do rei D. Ramiro”, explicou.
O vereador sublinhou que “existem hoje muitas evidências que testemunham não só a longevidade histórica de Viseu, mas também a sua importância política e económica em vários tempos”.
“Este espaço, sendo uma casa de partida é, apesar de tudo, uma casa de partida sem retorno”, garantiu, explicando que, até o Museu de História da Cidade ter uma casa definitiva, o seu modelo passará pela existência de vários núcleos (o próximo dos quais na Cava de Viriato).
Um dos objetivos é a aproximação aos públicos escolares: “Há a preocupação de ter rigor científico e cultural, mas na sua linguagem, na sua forma de apresentação, haver uma simplicidade, um caráter sedutor nos ambientes, nos objetos, na sua apresentação”.
“E é um piscar de olho aos públicos turistas, que querem ter uma espécie de sala de visitas de introdução a esta cidade histórica e monumental”, frisou.
Esta exposição terá a duração de dois anos, mas será atualizada ao longo do tempo.
Fonte: Lusa
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