Se hoje em dia estamos habituados a interagir com obras de arte, há uns anos era impensável. Na metade do século passado, vários movimentos artísticos começaram a desenvolver expressões concentradas no movimento, na forma, na cor, no som e nas reações que uma obra de arte poderia causar ao espetador. Assim afirmava-se a arte ótica e cinética que a partir desta terça-feira está em exposição no Atkinson Museum.

"Cuidado, está a pisar uma obra de arte", poderia ser a frase a acompanhar o piso que cobre a entrada do museu, mas a ideia é outra, aqui podemos interagir com a arte. Linhas geométricas e muitas cores da autoria do artista contemporâneo Jim Lambie.

É a primeira obra a que temos contacto quando começamos a visita pela "The Dynamic Eye: Beyond Optical and Kinetic Art", que, depois de ter estado em Xangai, veio encontrar morada em Vila Nova de Gaia, no renovado Atkinson Museum.

Jim Lambie
"Zobop", a obra de Jim Lambie na entrada do Museu Atkinson créditos: José Coelho / LUSA

"Uma exposição num espaço completamente diferente, com características únicas, luz natural. Ver a transformação do edifício foi fantástico", disse Neil McConnon, diretor de parcerias internacionais da Tate, durante a apresentação à imprensa da exposição.

O edifício oitocentista foi restaurado para ser, a partir de agora, um museu com todas as condições e exigências para receber exposições de interesse internacional, começando muito bem com esta parceria com a instituição britânica.

São mais de 100 obras de 63 artistas entre pinturas, esculturas e instalações, sendo a mostra com o maior número de obras da Tate Collection em Portugal.

Durante a visita guiada pela curadora da exposição Valentina Ravaglia, viajamos por esta arte de vanguarda que "partilha o fascínio pelo movimento", explicou Andreia Esteves, gestora de projetos do Atkinson Museum.

Se começamos com um ambiente mais escurecido, onde se destaca uma bela obra de Alexander Calder, a cada nova sala da exposição vamos sendo surpreendidos com muita cor, formas geométricas, texturas, reflexos, ilusões de ótica e instalações sonoras.

Alexander Calder
Um mobile de Alexander Calder créditos: José Coelho / LUSA

Do Grupo Zero, criado em Düsseldorf, ao Grav de Paris, passando pela América do Sul, Rússia ou Nova Iorque, a mostra reúne o trabalho de artistas de 21 países, revelando como estes conseguiram influenciar a arte dos nossos dias.

Entre as obras incluídas estão as recentes aquisições da Tate Collection, como Light Room (Jena), de Otto Piene, uma peça que nos envolve num jogo de luzes e sombra e a Cybernetic Sculpture: Square, de Wen-Ying Tsai Tops, que se mexe consoante sons emitidos pelo espetador.

Victor Vasarely, Julio le Parc, Frank Stella, Li Yuan Chia ou Jesús Sotto são alguns dos outros nomes a integrar a exposição que fica patente durante três meses. Os bilhetes estão disponíveis dos 7,50 aos 15 euros e as visitas podem ser realizadas todos os dias, de segunda a domingo, entre as 10h e as 18h.