O fim dos voos noturnos e a exclusão dos jatos privados são algumas das medidas anunciadas este mês pela administração do aeroporto de Amesterdão com o objetivo de limitar o barulho e as emissões poluentes geradas pelas suas operações.

A partir de 2026, o mais tardar, nenhum avião poderá descolar de Schiphol entre a meia-noite e as 06h da manhã e aterrar entre a meia-noite e as 05h da manhã. Os voos por jatos privados e pelos aviões "mais barulhentos" também não serão mais bem-vindos, de modo a diminuir a poluição sonora nas imediações do aeroporto. A par disto, foram ainda abandonados os planos para a construção de uma segunda pista de aviação.

"Schiphol liga os Países Baixos ao resto mundo. Queremos continuar a fazer isso, mas melhor. A única maneira de seguir em frente é ser mais tranquilo e ecológico mais rapidamente", afirmou Ruud Sondag, o CEO da Royal Schiphol, a entidade que gere o terceiro aeroporto mais movimento do mundo por número de passageiros (de acordo com dados de 2021).

"Tenho consciência que as nossas escolhas vão ter implicações signiticativas para a indústria da aviação, mas elas são necessárias. Isto mostra que estamos a falar a sério. É a única forma, baseada em medidas concretas, de reconquistar a confiança de funcionários, passageiros, vizinhos, políticos e da sociedade", diz Sondag.

Menos poluição sonora e atmosférica

A administração da Royal Schiphol diz querer operar um aeroporto "mais tranquilo e limpo" e com isso tornar-se num exemplo de sustentabilidade para toda a indústria da aviação.

As restrições noturnas deverão reduzir a atividade de Schiphol em 10 mil voos, com benefícios ao nível da saúde pública. As estimativas indicam que esse corte poderá reduzir significativamente, na ordem dos 54%, o número de habitantes nas imediações no aeroporto que são afetados por perturbações do sono causadas pelo ruído.

De acordo com a entidade gestora do aeroporto, a exclusão dos jatos privados deverá diminuir drasticamente as emissões de dióxido de carbono por passageiro e ilustra a medida com um valor: as emissões de CO2 por passageiro num jato particular são 20 vezes superiores àquelas geradas num voo comercial. "Cerca de 30 a 50% destes voos privados rumam a destinos de férias como Ibiza, Cannes ou Innsbruck", refere-se no comunicado, apesar de existirem "suficientes" serviços comerciais já a voarem para esses locais.

As medidas anunciadas surgem pouco depois de ter sido noticiado em Portugal que a rota Lisboa-Tires (Cascais)/Tires-Lisboa em jato privado foi, em 2022, a segunda com maior intensidade carbónica na Europa, com 108,68 quilos de CO2 por quilómetro, segundo dados divulgados pela Greenpeace, em Bruxelas.