Bilhete-postal enviado por Vítor Pregueiro
Toda a gente que viaja tem mil historias para contar, mas quando viajamos para uma das “cidades do amor” achamos logo que são poucas as historias que vamos ter para contar porque temos companhia, ou seja, partilhamos tudo com essa pessoa e já não precisamos de guardar historias. Mas por incrível que pareça, até nas viagens mais românticas há histórias que acabamos por recordar.
Foi em Roma, estávamos a passear pela cidade, até que a minha namorada soube da existência de uma feira em Trastevere (ela encontra sempre um feira ou um shopping, mulheres!). Tentamos ir para lá, de autocarro, mas era difícil entender aqueles horários italianos. Então, tal como todos os turistas, fui perguntar a um senhor como se ia para lá.
Os italianos são muito simpáticos, quase todos eles te tentam ajudar (menos quando falas inglês). Por isso, falei em português, misturando com espanhol e tentando imitar o italiano, perguntei como ia para essa feira e ele disse-me logo o número do autocarro que tinha apanhar. Nos agradecemos e ficamos à espera.
Durante essa espera o senhor voltou para o nosso lado e contou-nos várias histórias sobre Roma. No meio de tanta conversa, estávamos a falar das atrações turísticas, até que ele disse que os turistas não aproveitam Roma, porque apenas se seguem pelos roteiros turísticos. Ele não gostava do Vaticano, acreditam? Como é possível alguém não gostar do Vaticano?
Indicou-nos outros sítios para ir ver e conhecer, e havia uma igreja que ele considerava a mais bonita de Roma, não parava de falar dela. Até que olhou para a minha namorada e lhe disse “Tu sei più bella della Basilica di Santa Maria” (És mais bonita que a Basílica de Santa Maria). Ela ficou logo corada, porque a verdade é que o senhor tinha dito maravilhas sobre essa Igreja considerando-a mil vezes mais bonita que o Vaticano.
Admito que em vez de sentir ciúmes, visto que a minha namorada acabava de ser cortejada por um italiano (e toda gente sabe o quanto as mulheres adoram homens a falar italiano), senti orgulho. Sempre soube que tinha uma mulher lindíssima ao meu lado, por isso agradeci e levei-a a ver a tal igreja. Apesar de ser incrível e mesmo muito bonita, tenho uma mulher que lhe dá 100 a 0.
É claro que, como se tratava de uma cidade do amor, saí de lá ainda mais apaixonado, por ela e por Roma.
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